Como a implantação do 5G ajudará à descoberta do metaverso. A tecnologia em 2022
Há uma previsão para o próximo ano, pelo menos na área da tecnologia, que não falhará de certeza: vamos ter mais do mesmo. Telemóveis novos, mas variações sobre o mesmo tema, baterias que serão insuficientes para as necessidades dos utilizadores, processadores que prometem imenso, mas no mundo real mal darão para os gastos...
Duvida? Ainda na semana passada o vice-presidente da Intel, Raja Koduri, afirmou, num documento do gigante americano do fabrico de chips, que para alimentar o metaverso -- o mundo digital que se confunde com o real ou mistura realidade com dados computorizados de tal forma que uns se confundem com os outros -- será necessário "um aumento de mil vezes na eficiência de computação" relativamente ao "teto atualmente possível".
Não é em 2022 que tal será conseguido.
O que não quer dizer que não se deem passos importantes nesse sentido. Porque não haverá uma única gigante tecnológica que, neste novo ano, não queira uma fatia deste universo. Até porque a internet móvel de alta velocidade continuará a ganhar terreno -- e com isso abrirá mercado para mais aplicações de ligação à realidade virtual (VR) ou aumentada (AR). Incluindo (finalmente) em Portugal.
Com o fim do concurso do 5G em Portugal surgiram já, este Natal, as primeiras campanhas das operadoras de telecomunicações a tentar vender novos terminais (smartphones) com capacidade de ligação à nova rede de dados de banda larga móvel, capaz de velocidade de transferência de dados muito superior à geração anterior.
O problema é explicar ao consumidor o que fazer com este novo serviço. E, para já, ainda há poucos aliciantes, mas estas funcionalidades vão chegar em 2022. Muito em breve. concertos ao vivo ou outras aplicações em VR vão ser possíveis no telemóvel; jogar -- via Google, Xbox ou PlayStation -- no smartphone como se fosse uma consola de última geração, com o processamento todo feito na nuvem, também; e a mistura fácil dos dados digitais em cima da imagem real captada pela câmara serão algumas das vantagens da banda larga móvel. Rapidamente, os miúdos vão perguntar-se como era possível vivermos sem isso.
A aposta da empresa mãe do Facebook no metaverso, ao ponto de o fundador, Mark Zuckerberg, a ter rebatizado Meta, vai ter consequências visíveis rapidamente. Aliás, já teve.
Ainda no final de novembro a Meta apresentou um protótipo de uma luva capaz de transmitir ao utilizador sensações táteis dos objetos em que mexe no metaverso. Ainda se trata de um objeto experimental, mas é já um sinal para onde a investigação se dirige.
Para já, a abertura do mundo virtual Horizon a qualquer utilizador que possua óculos de realidade virtual da Oculus (marca da propriedade da Meta) foi o mais visível desenvolvimento do metaverso do Facebook. Aqui, quem quiser pode criar um avatar de si próprio em jeito de desenho animado, transportar-se e ir brincar com os amigos. Ou ter reuniões de trabalho, nos escritórios virtuais (Workrooms) que ligam empresas que podem estar a milhares de quilómetros de distância. E muitos outros serviços aparecerão ao longo deste novo ano.
Só que nenhuma grande empresa de informática quererá ficar de fora desta -- crê-se -- tendência. Desde logo a começar pela Apple.
É certo -- houve inclusivamente fuga de documentos internos da sede de Cupertino -- que a empresa do iPhone está a desenvolver óculos de AR, que se ligam aos seus smartphones, capazes de mostrar nas lentes/ecrãs, em tempo real, informações e gráficos sobre as imagens em nosso redor.
A abordagem que a Apple deverá fazer relativamente a este gadget, diferenciando-se daquele que a Microsoft fez com o Hololens (que se mantém hoje para utilização em ambientes profissionais), é que passará todo o processamento para o telefone, provavelmente utilizando a tecnologia de ultrawideband, que é extremamente eficiente em termos de consumo de bateria.
Assim, o telefone recebe dos óculos todos os dados de posicionamento e a imagem, processa-os e devolve a informação relevante (nomes de ruas, de plantas, identificação da canção que está a tocar, etc.) e gráficos, que são projetados sobre a imagem real. Pelo menos será esta a teoria. Vamos ver se se torna realidade...
Já do lado da Microsoft, a abordagem ao metaverso é outra. O nome: Mesh. O significado... ser a "cola" dos participantes do metaverso, independentemente do hardware que estejam a usar.
A ideia é mais ou menos esta: o que fazem os utilizadores no mundo virtual? Contactam uns com os outros. Então a Microsoft quer que eles o façam através das suas plataformas -- sendo o Teams o "porta-aviões" para todos os serviços virtuais.
Assim, seja para partilhar documentos, vídeos, ou ter longas reuniões de trabalho ou conversas curtas, cada indivíduo pode entrar, via Teams, e falar com os outros. Quer usando a sua própria imagem, bidimensional, captada pela webcam, quer um avatar virtual, tipo o Horizon do Facebook (perdão, Meta). O Mesh é agnóstico e não discrimina.
Uma coisa é certa: a consultora PwC prevê que em 2030 perto de 23,5 milhões de postos de trabalho no mundo inteiro estejam a usar AR e VR para tarefas como formação profissional, reuniões e serviços ao cliente. E tudo vai começar a sério... em 2022.
Ao longo do ano espere ainda ver mais óculos de AR e VR de outros fabricantes, em especial chineses. A Oppo apresentou este dezembro, para comercialização no início do novo ano, os Air Glass com o Microprojetor Spark, um monóculo que projeta na lente informação relevante consoante o contexto e responde a gestos -- "limpa o ecrã" quando se passa a mão à frente, por exemplo. Só será vendido na China, mas é indicador de uma tendência.
Outra novidade desta marca é a sua entrada para o mercado dos smartphones dobráveis, como os Samsung Fold. O Oppo Find N é o primeiro dobrável do gigante chinês da tecnologia e tem um preço indicativo de mil euros. Também só será comercializado na China, mas este valor não apenas é inferior ao da concorrência, como é indicador de outro fator que deverá acontecer em 2022:
O preço dos smartphones dobráveis deve aproximar-se do dos telefones de topo.
A não ser que alguma nova grande crise dê cabo disto tudo, claro...