Bonsais, o lado B do enólogo Paulo Nunes
Há 25 anos descobriu a paixão pelos bonsais como uma forma de levar a natureza para dentro do seu apartamento. Natural de uma pequena aldeia no Douro, essa foi a maneira de o enólogo Paulo Nunes, de 46 anos, continuar a ligar-se à natureza na "selva de cimento" como apelida Lisboa.
"Foi de uma forma quase inconsciente", a que se juntou o gosto que sempre teve pela botânica. E hoje tornou-se mais do que um lado B, uma "espécie de terapia diária" para desligar do stress e das preocupações. Foi autodidata na arte de plantar, tratar e criar as pequenas árvores - o que o levou a cometer alguns erros, "normais no início", explica. Avisa aos que se querem iniciar na prática: "Os bonsais requerem atenção diária, e todos os dias temos de olhar para eles se não o fizermos isso pode, eventualmente, hipotecar uma planta que existe há vários anos." "É necessária muita atenção na dosagem de água, sobretudo no verão, porque temos uma planta num espaço muito pequeno de terra." É de tal forma absorvente que nesses 10, 15 minutos diários que lhes dedica abstrai-se de tudo à sua volta, conta a sorrir.
Além disso, há uma ligação entre o seu trabalho de enólogo e de cuidar das vinhas com os bonsais. "Há muito de um bonsai numa vinha velha. A correlação que temos da planta com a raiz é igual, e nas decisões de cortar mais em cima ou mais abaixo é muito semelhante." Um bonsai, bem tratado, pode durar mais do que uma vida humana, e há bonsais relatados com quase trezentos anos. "Tenho bonsais com 70 anos que peguei neles e que espero entregar à geração seguinte, tal como numa vinha velha", explica o enólogo da Casa da Passarella, do Dão.