Viver
21 setembro 2021 às 05h00

DS 4 E-Tense: um francês na "quinta" dos alemães

A DS quer acabar com o domínio das marcas alemãs no segmento dos compactos de prestígio. Com o novo DS4, o objetivo são o Classe A, A3 e Série 1. Mas terá argumentos para isso? Primeiro teste em estradas francesas para descobrir as primeiras respostas.

Francisco Mota/Blogue Targa 67

O DS 4 é o modelo mais importante da DS Automobiles até agora, com ambições de rivalizar com os compactos premium alemães. Pela dimensão do segmento C-Premium na Europa, o novo DS 4 é fundamental para o crescimento da marca. É claro que um dos argumentos do DS 4 será a relação preço/equipamento, face aos alemães que são ávaros neste assunto. Mas, para ser levada a sério, a DS não pode assentar a estratégia apenas no preço.

E isso vê-se na tabela de preços, com 38 500€, para o DS 4 E-Tense híbrido "plug-in" de 225 cv, enquanto a versão 1.5 BlueHDI Diesel de 130 cv custa 33 800 euros. O 1.2 PureTech de 130 cv, a gasolina, custa 30 000 euros. A marca espera que o "plug-in" represente metade das vendas.

Para perceber se a teoria adere à realidade, nada melhor do que testar o DS 4, para já em estradas secundárias a Norte de Paris. As jantes de 20 polegadas ajudam no estilo, mas os pneus de medida 245/40 são um exagero, para a potência disponível.

No habitáculo, a qualidade dos materiais é boa, com muitos plásticos macios, além de várias aplicações decorativas.

O painel de instrumentos digital é pequeno, em contrapartida, o Head Up Display é maior que o normal. Quanto ao ecrã tátil central, aceita passar páginas com um movimento "swipe". Foram deixados alguns botões físicos de fora, para atalhos à climatização e outras funções. Mas são muito pequenos e difícies de identificar. A grande novidade do infotainment é a existência de um "touchpad" na consola para comandar algumas funções à distância. Dá para escolher entre as opções do menú principal, passar páginas e escrever letras do destino da navegação. Mas não substitui todos os comandos táteis do ecrã central, o que se torna um pouco confuso. Como todos os sistemas deste tipo, é pouco prático de usar em andamento.

O espaço nos lugares de trás é bom ao nível dos joelhos, razoável em altura e largura e o acesso não é um problema. A posição de condução tem um banco confortável, com bom apoio lateral e assento extensível. O volante tem regulações suficientes e os seus botões são... botões, não são táteis. A alavanca da caixa de velocidades, automática em todos os DS 4, é substituída por um pequeno interruptor, difícil de usar.

Feito com base na nova geração da plataforma EMP2 V3, o DS 4 tem no topo da gama a versão E-Tense de 225 cv, um híbrido "plug-in" com 55 km de autonomia em modo elétrico e quatro modos de condução: Desportivo/Híbrido/Conforto/Elétrico. Esta motorização híbrida usa o motor 1.6 PureTech a gasolina de 181 cv, acoplado a uma máquina elétrica de 110 cv. A bateria tem 12,4 kWh de capacidade bruta.

O arranque é elétrico e muito suave. Começando no modo híbrido, o sistema dá prioridade ao funcionamento 100% elétrico, pelo menos até a bateria ter carga. As acelerações são mais que suficientes para dar uma boa vivacidade ao DS 4. Quando o motor a gasolina entra em ação, a sua presença é notória, mas o som que emite não é desagradável. No modo Desportivo, o tato da direção é mais consistente e coerente; nos outros modos fica demasiado leve. O pedal de travão não é muito progressivo, sobretudo a baixa velocidade.

O conforto é​ a prioridade da DS e no DS 4 isso percebe-se desde os primeiros metros. Apesar das jantes de 20", a verdade é que a suspensão é confortável. Tem amortecimento ajustável automaticamente, a partir da informação da estrada captada por uma câmara de vídeo.

Aumentando o ritmo da condução, percebe-se que o sistema híbrido usa o motor elétrico para auxiliar o motor a gasolina. Tanto em aceleração máxima (0-100 km/h em 7,7 segundos) como nas recuperações. E mesmo com a bateria a zero, o sistema não mostra flutuações na disponibilidade elétrica.

Quanto à dinâmica em curva, o percurso não colocava muitos desafios, teremos que a confirmar mais tarde. Mas o acerto da suspensão está muito virado para o conforto.

Face aos rivais Classe A, Série 1 e A3, que têm uma atitude desportiva e firme, o DS4 prefere dar a prioridade ao conforto para se destacar, tal com faz no estilo e no ambiente do habitáculo. Ser diferente, pode ser o seu maior trunfo.

DS 4 E-Tense 225

Motor: 4 cilindros a gasolina e elétrico
Potência máxima: 225 cv
Binário máximo: 360 Nm
Aceleração 0-100 km/h: 7,7 s
Velocidade máxima: 233 km/h
Consumo médio: 1,3 l/100 km
Autonomia média em modo elétrico: 55 km
Tempo de carga: 1h45 (carregador de 7,4 kW) Bagageira: 390 litros
Preço: 38 500€

Blogue Targa 67

Tópicos: Motores, viver