Quem não se lembra dos gestos teatrais dos empregados de mesa, de certos restaurantes ditos mais finos, que antes de servir uma aguardente vínica velha aqueciam ou flamegavam copo do cliente numa mise en scene que, só por si, elevava a bebida? Ao mesmo tempo, a aguardente remete para um gesto mais frequente, e talvez mais típico, de um copo simples de aguardente bagaceira, ou bagaço, servido logo a seguir a uma refeição numa tasca mais típica, muitas vezes a dar "um cheirinho" ao café como um remate final dos comensais. Aguardentes há muitas (brandy, rum, grappa, entre outras) mas as próximas linhas tratam da vínica. Como o nome indica é feita a partir do vinho e envelhecida em pipas de carvalho, pelo qual ganha a sua característica cor ambar. Um produto português, cujo processo de fabrico é muito igual ao cognac francês. Aliás, é na Lourinhã, a par das regiões de Armagnac e Cognac, em França, que está a terceira região demarcada do mundo da produção de aguardente vínica. Muitas vezes o produto da região portuguesa é afrancesado para Lourinhac. Raquel Almeida, responsável de marketing da empresa João Portugal Ramos, explica ao DN: "A aguardente é o cognac português para chegar a certos mercados, mas temos de dizer que é um produto português, e tal como o caminho feito pelo vinho português em comparação ao francês, também a aguardente o pode fazer em relação ao cognac".. A empresa comercializa a marca de aguardente CRF que existe há 125 anos, uma das líderes no mercado português, que começou na zona do Carregado com... vinhos. Apenas nos anos 1960 decidiu fazer aguardentes mais aperfeiçoadas e não apenas elaboradas com o que sobrava do vinho - como era feito até então. Raquel Almeida conta que nos últimos anos têm sido feitos estudos para o segmento das aguardentes. O objetivo é saber quem são os consumidores atuais e como pode a aguardente ser uma bandeira portuguesa em mercados externos.. Hugo Silva, especialista em cocktails, conta ao DN que em muitas provas cegas com especialistas em bebidas espirituosas com aguardentes e cognacs, "muitos preferirem a bebida portuguesa".. Para um consumidor se iniciar nas aguardentes vínicas, as designações (ver caixa) são um guia importante para, tal como acontece nos whiskys (que é uma aguardente de cereal), saber escolher. Uma aguardente mais nova será mais fácil e menos complexa de beber, explica Hugo Silva. E há a pergunta: quem bebe hoje aguardente?.Raquel Almeida fala em causa própria: "Sabemos que os clientes da CRF são maioritariamente homens que consomem depois das refeições em restaurantes mas que também têm garrafas em casa". Colocar a aguardente nas bocas de gente mais nova é uma das estratégias: "Porque não consumir aguardentes em cocktails?". Mas há mais dicas (ver caixa): harmonizar aguardente com uma sobremesa, em especial chocolate, ou mesmo a acompanhar ostras", sugere Raquel Almeida. Novos caminhos para se descobrir a velha e bem portuguesa aguardente..filipe.gil@dn.pt
Quem não se lembra dos gestos teatrais dos empregados de mesa, de certos restaurantes ditos mais finos, que antes de servir uma aguardente vínica velha aqueciam ou flamegavam copo do cliente numa mise en scene que, só por si, elevava a bebida? Ao mesmo tempo, a aguardente remete para um gesto mais frequente, e talvez mais típico, de um copo simples de aguardente bagaceira, ou bagaço, servido logo a seguir a uma refeição numa tasca mais típica, muitas vezes a dar "um cheirinho" ao café como um remate final dos comensais. Aguardentes há muitas (brandy, rum, grappa, entre outras) mas as próximas linhas tratam da vínica. Como o nome indica é feita a partir do vinho e envelhecida em pipas de carvalho, pelo qual ganha a sua característica cor ambar. Um produto português, cujo processo de fabrico é muito igual ao cognac francês. Aliás, é na Lourinhã, a par das regiões de Armagnac e Cognac, em França, que está a terceira região demarcada do mundo da produção de aguardente vínica. Muitas vezes o produto da região portuguesa é afrancesado para Lourinhac. Raquel Almeida, responsável de marketing da empresa João Portugal Ramos, explica ao DN: "A aguardente é o cognac português para chegar a certos mercados, mas temos de dizer que é um produto português, e tal como o caminho feito pelo vinho português em comparação ao francês, também a aguardente o pode fazer em relação ao cognac".. A empresa comercializa a marca de aguardente CRF que existe há 125 anos, uma das líderes no mercado português, que começou na zona do Carregado com... vinhos. Apenas nos anos 1960 decidiu fazer aguardentes mais aperfeiçoadas e não apenas elaboradas com o que sobrava do vinho - como era feito até então. Raquel Almeida conta que nos últimos anos têm sido feitos estudos para o segmento das aguardentes. O objetivo é saber quem são os consumidores atuais e como pode a aguardente ser uma bandeira portuguesa em mercados externos.. Hugo Silva, especialista em cocktails, conta ao DN que em muitas provas cegas com especialistas em bebidas espirituosas com aguardentes e cognacs, "muitos preferirem a bebida portuguesa".. Para um consumidor se iniciar nas aguardentes vínicas, as designações (ver caixa) são um guia importante para, tal como acontece nos whiskys (que é uma aguardente de cereal), saber escolher. Uma aguardente mais nova será mais fácil e menos complexa de beber, explica Hugo Silva. E há a pergunta: quem bebe hoje aguardente?.Raquel Almeida fala em causa própria: "Sabemos que os clientes da CRF são maioritariamente homens que consomem depois das refeições em restaurantes mas que também têm garrafas em casa". Colocar a aguardente nas bocas de gente mais nova é uma das estratégias: "Porque não consumir aguardentes em cocktails?". Mas há mais dicas (ver caixa): harmonizar aguardente com uma sobremesa, em especial chocolate, ou mesmo a acompanhar ostras", sugere Raquel Almeida. Novos caminhos para se descobrir a velha e bem portuguesa aguardente..filipe.gil@dn.pt