A delicadeza e a tradição juntam-se num jardim de jarros
A bicentenária casa Leitão & Irmão junta-se a Carolina Curado para a coleção Calla Lily, uma homenagem à mulher.
A primavera chega em forma de flores de alta joalharia e como uma homenagem à mulher contemporânea. A coleção Calla Lily - outro nome para a flor jarros - resulta de uma parceria que junta a bicentenária marca Leitão & Irmão e a marca Carolina Curado, com 12 anos de vida.
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"Eu acho que é uma flor tão típica no nosso coletivo. O nosso desafio aqui foi pegar numa flor mais simples e trazê-la para um lado mais nobre e mais rico. Conseguir trabalhar cada flor de forma a dar-lhe uma maior complexidade na coleção", explica Carolina Curado em conversa com o DN na apresentação da coleção.
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As dez peças da coleção, que inclui colares, pulseiras, anéis, brincos e ear cuffs (peça para aplicar na parte superior da orelha), contêm cerca de 16 pequenos bouquets de jarros no total, modelados individualmente, onde o branco da flor se transformou em prata e o amarelo em ouro. Os preços das peças variam entre os 150€ e os 860€.

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Destas, Carolina Curado destaca a ear cuff, um design feito com um bouquet de 15 jarros de ouro e prata (450€), e o colar comprido, concebido em malha cordão português, com aplicação de argola decorada com um bouquet de nove jarros, da qual pendem dois fios com a terminação de bouquet de cinco e 11 jarros (860€).

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Esta parceria resultou de um convite feito a Carolina Curado Jewelry ainda antes pandemia e que, devido às restrições impostas, só agora foi possível concretizar. "O primeiro convite de uma casa como a Leitão & Irmão foi algo super entusiasmante e desafiador, visto que é uma casa com tantos anos. Foi um percurso extremamente rico de aprendizagens. Tanto nós com eles como eles connosco", diz a artista.
Com 200 anos, Leitão & Irmão é a ourivesaria mais antiga do país e uma das mais antigas do mundo, mas procura sempre inovar. "A razão da marca ter 200 anos é porque procuramos sempre fazer algo novo, moderno e com um grande conceito de qualidade", diz Jorge Van Zeller Leitão, o atual proprietário da marca, ao DN.

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O sexto avô de Jorge Van Zeller Leitão tinha um sonho em 1822, que levou à criação da marca. Tirou o curso de ourives e foi sempre crescendo. O atual proprietário confidenciou que o fundador da marca "teve sorte porque casou com a filha de um homem rico, por isso juntou a capacidade do bem fazer com o capital necessário para avançar".
A oficina por entre as ruas lisboetas
É numa das ruas do Bairro Alto que se encontram as oficinas com 150 anos da marca de ourivesaria, que chegou a ser a fornecedora da casa real portuguesa. As instalações começaram numa casa de habitação, mas transformou-se numa oficina com máquinas inglesas (algumas ainda são utilizadas hoje em dia para a criação de jóias) quando a marca chegou a Lisboa vinda do Porto para ficar junto da Corte.

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Para além de fornecedora da casa real portuguesa, a Leitão & Irmão foi a autora do cálice que foi oferecido por D. Luís ao Papa Leão XIII e da Espada de honra em ouro oferecida a Guilherme I da Alemanha pelo mesmo rei.
A oficina está dividida em dois pisos: o da prata, onde também é feita a fundição, e o do ouro. No andar superior, as paredes estão cobertas de centenas de moldes em gesso de peças produzidas ao longo do tempo. Moldes que eram guardados para o caso de, um dia mais tarde, a peça vir a precisar de um acerto ou de uma réplica ser possível ver os seus detalhes.

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Na Fundação Calouste Gulbenkian estão guardados também livros com desenhos e descrições das peças da Leitão & Irmão. Hoje em dia, os ourives vão ainda procurar inspiração nestes antigos moldes para novas peças.
Durante estes dois séculos da Leitão & Irmão, algo que não mudou foi, segundo Jorge Van Zeller Leitão, a paixão pela arte da joalharia, a boa manufatura, a valorização de quem faz e o gosto pelo cliente.