
Ensino Superior
Turismo tira alojamento a universitários no Porto e em Lisboa
Depois das colocações, é tempo de encontrar alojamento. O problema não é novo mas tem vindo a agravar-se, garantem os representantes estudantis. Por força do alojamento local, "mais atrativo para senhorios", e pela entrada maior de estrangeiros nas faculdades portuguesas.
Os dias são de ansiedade, à espera do momento em que todos aqueles anos passados a sonhar ser médico culminam na entrada na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. As colocações no ensino superior público só serão conhecidas este fim de semana, mas António Santos, de 18 anos, está confiante de que não precisa de esperar pela sentença. Afinal, concorre com uma média de 18,5 valores, num curso que no ano passado se situou, na primeira fase, nos 18,1. Por isso mesmo, antecipou-se na batalha de procurar um quarto para alugar. Desde julho que o jovem de 18 anos viaja entre Aveiro, de onde é natural, e Porto, ao encontro do quarto ideal. "Avisaram-me: ou procurava com antecedência ou quando entrasse na faculdade já não teria quartos nem bons, nem baratos, nem junto à faculdade", conta.
"A oferta é cada vez menor" no Porto e o fenómeno "acontece há sensivelmente três ou quatro anos, depois de ter disparado o boom turístico na cidade", diz o presidente da Federação Académica do Porto (FAP). João Videira explica que as novas plataformas vieram revolucionar e facilitar o alojamento local, "mais atrativo para os senhorios" do que o aluguer a estudantes. "Conseguem fazer numa semana, com um turista, o que fazem com um estudante durante um mês", deixando sem resposta os 35% de universitários deslocados na cidade.