Quem é a jovem portuguesa que desenhou o logotipo da Jornada Mundial de Juventude 2023?

Chama-se Beatriz. Tem 24 anos. Formou-se em design de comunicação em Belas Artes e define-se como uma pessoa que sonha alto. Uma faceta que a levou a candidatar-se à marca para a Jornada Mundial de Juventude de Lisboa 2023 e talvez a ganhar o concurso, entre muitas outras candidaturas internacionais.

Quem a ouve ao telefone, não diria que ela própria se definiria como "uma jovem ansiosa e nervosa com o futuro". A voz jovem não treme de insegurança, nem tão pouco solta silêncios, por vezes, tão habituais de quem procura palavras ou ganhar tempo para compor o que irá dizer. Beatriz não o faz. As palavras soltam-se, não como estivessem bem estudadas, mas com firmeza, porque as sente.

É crente, desde sempre, diz que foi uma herança dos pais, mas que ela própria procurou e desenvolveu para "acreditar de uma maneira crítica". A sua meta é a esperança, com fé, apesar da ansiedade pelo futuro. Por isso, acaba por assumir que é uma pessoa "simples, que sonha alto".

Sonhos que a levaram a conquistar o seu espaço no mercado profissional e na área que escolheu para si, Design de Comunicação. Aos 24 anos, é diretora de arte júnior numa agência publicitária. Mas não foi este o motivo que a fez candidatar-se ao concurso lançado para a marca da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa 2023, o maior encontro de jovens, que em 2019 reuniu no panamá mais de um milhão.

Beatriz motivou-se para a candidatura ao ver a irmã e um grupo de amigos a prepararem-se para concorrerem ao hino para as jornadas. "Fui acompanhando o processo que eles fizeram, o entusiasmo e até que pensei que também poderia concorrer para outra vertente que era a marca da JMJ, já que era a minha área".

Para Beatriz foi "um desafio que associou a minha área profissional à minha vivência". E tudo começou há um ano, em novembro. Uma semana antes de o prazo para as candidaturas terminar colocou uma semana de férias. "O Papa Francisco tinha dado o mote para a edição da JMJ - 'Maria levantou-se e partiu apressadamente', Lc 1, 39 - e inspirei-me nisto e em todos os traços da nossa cultura e religiosidade".

Beatriz conta que pensou em Fátima, que visualizou os peregrinos de terço na mão, daí este ser um dos elementos marcantes do logotipo, e que quando enviou a candidatura estava longe de pensar em ganhar. "Sonhava com isto, mas não achava que fosse possível, pois sabia haver muitas candidaturas internacionais". Ao certo, o DN não sabe quantas foram apresentadas, apenas que a candidatura de Beatriz foi selecionada do total para um grupo de 21 e, depois, para um grupo de três, até que passou à escolhida do júri, "um grupo de diretores criativos de várias agências".

Foi possível, é mais um sonho concretizado. Tem outros, como "o de poder conhecer o Papa Francisco nestas jornadas", admite.

Com a imagem que construiu para a JMJ de Lisboa, Beatriz espera transmitir uma mensagem de "esperança, uma esperança que não se acomoda, mas que faz acontecer o sonho. Foi isto que procurei que estivesse muito presente".

Nasceu numa família católica em Lisboa, estudou no Colégio Salesianos até ao 12.º ano, antes de entrar na faculdade foi para Londres estudar durante um ano, regressou e entrou no curso de Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes, em Lisboa. No decorrer do seu percurso participou em movimentos de jovens, de oração, na Missão País na faculdade, aproximou-se dos jesuítas, mas nunca participou em nenhuma Jornada Mundial da Juventude.

Para o encontro de Lisboa, que devido à pandemia foi adiado um ano, para 2023, Beatriz espera ali ver discutidos temas como a saúde, que "não deve ser um bem premium, mas um bem a que todos temos direito". O mesmo diz do ambiente, um tema a que o Papa Francisco - que considera estar a construir "uma verdadeira revolução na Igreja pelo amor ser ao outro", por "ser luz que nos ilumina sem esconder a realidade, sem medo dos obstáculos, mesmo dentro do Vaticano" e por ser o Papa que o mundo precisa agora - tem dado tanta atenção e do qual depende o futuro de todos.

Mas não só. Beatriz é jovem, mulher, crente e gosta de discutir a evolução da própria Igreja. Diz mesmo que um dos temas que gostaria de ver discutido e até defendido nestas JMJ "é a possibilidade do ministério para as mulheres".

Faltam dois anos para a JMJ, Beatriz sonha em lá estar, em conhecer este Papa. Por agora, contenta-se com o prémio que recebeu e que foi divulgado por Webinar em direto de Lisboa com o Vaticano. Contenta-se com o presente, mas sonha mais alto com o futuro.

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