Menos de mil casos de HIV em 2018
São mais homens do que mulheres, heterossexuais e vivem nas grandes cidades. Este é o perfil da maioria dos portugueses infetados por VIH, no ano passado, quando foram diagnosticados 973 novos casos de pessoas que contraíram o vírus. Há 59 913 doentes com VIH, em Portugal, menos 46% do que há uma década.
Entre os novos diagnósticos há um aumento do número de casos de homens que têm relações sexuais com homens, principalmente em faixas etárias mais jovens (média de 31 anos). Pelo contrário, na população heterossexual, a média de idades aumenta, sendo superior a 45 anos. Os dados, divulgados nesta quarta-feira, pertencem ao relatório "Infeção VIH e sida - situação em Portugal em 2019", do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Na última década, o número de novos casos de infeção por VIH diminuiu 46% e Portugal conseguiu atingir, em 2017, todos os objetivos estabelecidos no programa das Nações Unidas para o combate ao VIH/sida, conhecido como 90/90/90: 90% dos infetados diagnosticados, 90% em tratamento e 90% com carga viral não detetável. O anúncio foi feito, pela DGS, em julho deste ano, apesar de as três metas terem sido atingidas em 2017 e de neste momento já terem sido ultrapassadas (92/90/93 respetivamente). Portugal junta-se assim a países como Dinamarca, Islândia, Suécia, Grã-Bretanha e Irlanda do Norte na luta contra o VIH.
"Estamos numa situação favorável e que nos orgulha. Conseguimos atingir a meta três anos antes da data prevista (2017)", disse Isabel Aldir, diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais da DGS, aos jornalistas. "Todos os anos, conseguimos chegar a mais pessoas e de forma mais eficiente, identificando quem não sabia que vivia com VIH. As estratégias delineadas têm resultado", acrescenta.
O trabalho não está concluído, pelo contrário, está prestes a tornar-se mais exigente, segundo Isabel Aldir. "Resta-nos atingir uma franja da população que será cada vez mais difícil e exigente." Com os casos mais dramáticos já identificados, é necessário que os esforços se concentrem na população de risco que ainda não fez o rastreio. "Importa melhorar as estratégias de rastreio, entre elas a manutenção das respostas comunitárias, o alargamento dos testes rápidos nas farmácias e a criação de alertas para rastreio de pessoas com condições de infeção nos centros de saúde", defendeu a diretora-geral da DGS, Graça Freitas.
Apesar da diminuição de novos casos, no ano passado morreram 261 pessoas infetadas por VIH, 142 já no estádio clínico de sida (em 2018, foram diagnosticados 227 novos casos de sida dos 22 551 existentes).