Jorge Teixeira, o professor de Chaves que o mundo conhece pelo ensino da física

Já tinha ganho o Global Teacher Prize em 2018, depois, em 2019, ficou no Top 50 do Global Teacher Prize International, e este ano, com um projeto de ensino à distância, foi distinguido com o Global Teacher Awards 2020.
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Jorge Teixeira recebeu esta semana por email a notificação de que tinha sido distinguido com o Prémio Global Teacher Awards 2020. "Fiquei satisfeito, claro. É um reconhecimento do trabalho que faço, com uma equipa, porque trabalho sempre com pares, e do que se faz em Portugal".

Ao telefone, o professor de Chaves, terra onde nasceu e onde ficou a ensinar, conta ao DN que desconfiou de que algum prémio poderia chegar quando em abril recebeu um primeiro e-mail da organização do prémio a solicitarem-lhe que lhes enviasse um projeto.

"Eu tinha enviado vários projetos na candidatura - porque dá trabalho uma pessoa candidatar-se, é preciso ser nomeado por colegas e pelo diretor do agrupamento, bem como apresentar o Curriculo Vitae do candidato com os projetos realizados com os alunos - mas como me pediam outro pensei realizar um novo projeto e foi com esse que recebi o prémio".

Um projeto que define mostra já como se pode aprender física à distância e em tempos de confinamento - não fosse este um ano marcado pela pandemia. "É um projeto que alia o ensino experimental e o ensino à distância. Aliei a robótica às calculadoras gráficas, procurando que durante este tempo os alunos retirassem o melhor da física".

A experiencia realizada com os alunos que tem na Escola Dr. Júlio Martins, em Chaves, valeu-lhe uma das mais altas distinções internacionais como professor. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas, comentou ao DN ser "um prémio merecido". Filinto Lima conhece Jorge Teixeira e afirma que "o prémio é merecido não só pela sua capacidade de aliar as novas tecnologias ao ensino como componente humano que tem e que hoje é cada vez mais importante no ensino".

Para Jorge Teixeira, "o ser professor é a concretização de um sonho", confessa ao DN. Sobretudo, o ser professor do ensino secundário, o poder ensinar físico-química aos mais jovens, não só pelo ensino clássico, que diz ser muito importante, o ensino a que chama do papel e lápis, mas também pelo ensino moderno em que alia a física à tecnologia e ao dia a dia, ao quotidiano, à realidade.

E dá um exemplo, quando começo a dar matéria recorro sempre a um exemplo simples: "Pensem numa vela acesa, o que acontece quando se lhe coloca um copo em cima?" E a resposta "é simples e curta: apaga-se", afirma. Porquê? "Porque falta oxigénio. É o que todos respondem. Mas não é tão simples e digo-lhes que vamos experimentar. Fazemos a experiência e percebemos que a vela se apaga ainda com muito oxigénio no copo, isto quer dizer que há outros fenómeno que intervém e que precisam temos de procurar".

Este é um dos muitos exemplos que levam os alunos de Jorge Teixeira a motivar-se pela Física e todas as sexta-feira à tarde "em vez de irem passear ou já de fim de semana vão ter comigo e fazemos experiências e projetos".

O professor de física começou a lecionar em 1993, no Ensino Superior, e depois de terminar a sua licenciatura em engenharia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Mas não "era bem o ensino superior que eu queria. Foi então que saí e fui fazer um estágio pedagógico. Entrei na carreira de professor do secundário em 1997 e um ano depois já estava efetivo".

O sonho de ser professor era seu, mas foi reforçado por dois ou três professores que ficou a admirar desde logo. O sonho tornou-se realidade, agora com distinções internacionais, mas quando lhe perguntamos o que distingue o seu trabalho do dos outros colegas, faz-se um silêncio: "Bem, não sei. Há excelentes professores em Portugal, professores com projetos incríveis". Talvez seja esta vontade de levar a aprendizagem da Física para a realidade. O ensino clássico é muito importante, mas o aliar o conhecimento à vida e ao dia ao dia é muito importante também".

Aliás, hoje, e apesar de todas as transformações que o ensino levou desde que ingressou na carreira de docente, diz mesmo que uma forma importante de ensinar é a de aliar o saber às novas tecnologias e à realidade".

Outro aspeto importante que realça no ensino é a componente humana e o relacionamento com os alunos.

Os prémios, mais um no currículo deste professor do Norte, "é uma grande satisfação, pelo reconhecimento do trabalho, porque o dinheiro de alguns prémios são aproveitados para a realização de mais projetos".

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