Um quinto dos médicos das urgências já podia pedir dispensa de serviço
São 2549 médicos que fazem urgências nos hospitais públicos que já atingiram o limite de idade, 55 anos, que permite pedir a dispensa de serviço. Representam um quinto do total de médicos especialistas nas urgências portuguesas e mantêm-se ao serviço por "necessidade" dos hospitais e por "solidariedade com as equipas", referem o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, e o presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha.
Os números são da Administração Central do Sistema de Saúde e são hoje divulgados pelo Jornal de Notícias. De acordo com o diário, até junho tinham sido 1737 os médicos dispensados de serviço por limite de idade, o que corresponde a 12,8% do total de médicos nas urgências - 12789. O número de 2549 médicos que já podiam pedir a mesma dispensa equivale a 19,9% do total.
"É uma atividade de grande desgaste", refere Miguel Guimarães ao JN. Para o bastonário da Ordem dos Médicos, é a "necessidade do hospital" e a solidariedade com os colegas que leva muitos médicos a manterem-se ao serviço, situação que no futuro poderá não acontecer. Os mais novos não têm a mesma filosofia e Miguel Guimarães admite que os médicos acima dos 50 anos a fazerem urgências são cada vez menos.
Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, concorda e alerta que "hoje é muito mais penoso fazer urgências do que há dez anos".
Os pedidos de dispensa são, habitualmente, colmatados pelo Ministério da Saúde com a contratação de médicos tarefeiros. Em 2017, o Estado gastou cerca de 100 milhões de euros nestas contratações.