Príncipe Henry e o Fortnite: "é um jogo criado para viciar"

No dia em que foi considerado o melhor jogo em desenvolvimento de 2019, o Fortnite foi criticado pelo príncipe Henry. Que também considerou as redes sociais "mais viciantes que o álcool ou as drogas".
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"Criado para viciar" e para "manter as pessoas o maior tempo possível à frente de um computador". Com estas duas frases o príncipe Henry lançou esta semana um ataque a um dos mais populares eSports do momento: o Fortnite. Num evento sobre saúde mental promovido pela YMCA - organização dedicada a apoiar jovens desfavorecidos - o duque de Sussex disse estar preocupado com o impacte deste videojogo que chega a mais de 200 milhões de jovens.

Nestas declarações, o príncipe, que recentemente criou com a mulher Meghan Markle uma conta no Instagram, chamou ainda a atenção para a necessidade de existir uma maior vigilância em relação às redes sociais que, no seu entender, são "mais viciantes que o álcool ou as drogas".

Especificamente sobre o Fortnite frisou que é "irresponsável" deixar os jovens jogá-lo. "Esse jogo não devia ser permitido. Onde está o benefício de o ter em casa? É criado para viciar, para manter [os jogadores] à frente de um computador o maior tempo possível. É tão irresponsável", sublinhou.

No mesmo dia em que o príncipe Henry fez estas declarações este jogo desenvolvido pela Epic Games conquistou o Bafta para o melhor jogo em desenvolvimento de 2019. Uma cerimónia de que saiu vencedor o jogo God of War, com quatro troféus.

Apesar de a empresa norte-americana - tem sede da Carolina do Norte - não ter comentado as críticas no fórum dedicado ao Fortnite as reações não se fizeram esperar.

O que é o Fortnite?

O objetivo deste jogo que se tornou um fenómeno mundial é simples: tentar sobreviver o maior tempo possível. Cada desafio pode durar até cerca de 20 minutos e envolve, por defeito, 100 utilizadores. Pode ser jogado de forma individual, em dupla ou por equipas. Atualmente tem mais de 200 milhões de jogadores registados.

O download do jogo é gratuito, mas depois pode ser comprado um battle pass - custa cerca de 10 euros por temporada - que dá acesso a prémios como danças, ferramentas e roupas de várias personagens (skins). Além disto há uma série de artigos avulsos que podem ser adquiridos a vários preços. Refira-se que nenhum destes artigos tem benefícios para o jogador, apenas serve como questão estética.

Estes pagamentos não são feitos em moeda real. Para adquirir este tipo de material, o participante tem de aceder aos v-buck, disponíveis na loja da aplicação.

Só a partir dos 12 anos? Ninguém cumpre

O sistema europeu de classificação etária de jogos - Pan European Game Information - declarou que o Fortnite deve ser jogado a partir dos 12 anos por conter cenas de violência, mas na prática os jovens começam a juntar-se a este mundo mais cedo.

Ao DN, num trabalho publicado a 20 de janeiro deste ano sobre a influência deste jogo e da sua "entrada" nas salas de aula, Pedro Hubert, psicólogo e responsável no Instituto de Apoio ao Jogador, confirmou que tem acompanhado casos relacionados com videojogos, mas destacou o facto de serem sobretudo de estudantes universitários, que se mudaram para Lisboa sozinhos e a quem os estudos não estavam a correr tão bem."Mas comecei a ter alguns pacientes com 15 anos e já tive um com 13, que devem ter começado a ter problemas antes, porque eles só chegam aqui quando o problema é muito grande e manifesto", referiu o psicólogo.

Segundo o especialista, o fenómeno atinge faixas etárias mais baixas, porque o jogo tem um conceito simples e é "fácil de perceber as regras". "E depois não é só o jogo, é também toda aquela componente streaming - ver os outros a jogar, ver as dicas para jogar melhor, as danças", frisou Pedro Hubert.

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