"Jangada" de pedra-pomes do tamanho de Manhattan à deriva no Pacífico

Se chegarem à Grande Barreira de Coral, na Austrália, as rochas de origem vulcânica podem ajudar a repor a vida marinha ali perdida.
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As imagens utilizadas para a descrever dão ideia da sua grande dimensão: do tamanho de Manhattan ou de 20 mil campos de futebol. A "jangada" de pedra-pomes que anda à deriva no Oceano Pacífico, em direção à Austrália, pode, contudo, ser uma dádiva para a Grande Barreira de Coral, já que ajudará a repor a vida marinha ali perdida nos últimos anos devido às alterações climáticas. Mas antes é preciso que chegue lá - e isso pode levar sete a 10 meses, segundo os cientistas.

Os especialistas acreditam que a jangada de pedra vulcânica - composta por pedras que vão do tamanho de berlindes ao de bolas de basquete - alberga uma série de seres vivos, como caranguejos e corais.

A ilha de pedra-pomes foi avistada pela primeira vez a 9 de agosto, dois dias depois de um vulcão submerso ter entrado em erupção próximo da ilha de Tonga, no Pacífico - segundo imagens de satélite da NASA. Uns dias depois, foram os marinheiros do catamarã Roam, que seguiam em direção a Vanuatu, a dizer que se depararam com as rochas vulcânicas - a "jangada" tinha uma dimensão tal que lhes era impossível ver a água.

Michael e Larissa Hoult, que seguiam no catamarã, contaram à CNN que antes de avistarem a rocha flutuante, de cor cinza, já estavam no mar há dez dias. "Na verdade, foi muito estranho - disse Larissa - todo o oceano era fosco, não conseguíamos ver o reflexo da lua na água."

Michael adiantou que a rocha - que flutua 90% à superfície e 10% submersa - rodeava o barco, impossibilitando-os de ver o rastro que os motores deixavam no mar. "Foi um mistério, não sabíamos o quão profundo era, ou se estávamos a navegar por cima de um vulcão que estava ativo."

A pedra-pomes é leve e repleta de bolhas, o que lhe permite flutuar na água. É produzida quando a lava passa por uma arrefecimento rápido e perde gases. De acordo com os especialistas, as grandes "jangadas" da rocha vulcânica são mais propensas a formar-se quando um vulcão está localizado em águas mais baixas.

O "iceberg" de rocha move-se a cerca de 10 a 30 km por dia, segundo Scott Bryan, professor da Universidade de Tecnologia de Queensland, especialista em geologia e geoquímica. Adianta que estes fenómenos se produzem, em regra, a cada cinco anos.

Em 2012, um estudo realizado por Scott Bryan, depois de uma erupção vulcânica submarina semelhante, concluiu que estas "jangadas" de pedra-pomes são uma forma do oceano poder redistribuir a diversidade da vida marinha.

"Cada pedaço de pedra-pomes é um veículo para que algo se prenda, cresça e seja transportado pelo oceano", disse o professor à CNN. "Teremos milhões ou biliões de indivíduos de dezenas de espécies diferentes, a chegar em massa ao longo do nosso litoral, todos saudáveis e potencialmente a encontrarem um novo lar", adiantou.

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