Enfermeiros. Sindicalista suspende greve. "Os objetivos foram atingidos. A ministra telefonou-me"

Carlos Ramalho entrou em greve de fome na quarta-feira em frente ao Palácio de Belém. Depois do governo anunciar que vai retomar as negociações com os enfermeiros, o presidente do Sindepor suspendeu o protesto. "Foi a decisão mais difícil da minha vida", assumiu ao DN
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"Os objetivos foram atingidos. A ministra [da Saúde] telefonou-me", disse ao DN o presidente do Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal, Carlos Ramalho, de 51 anos, que decidiu, assim, terminar a greve de fome.

Carlos Ramalho entrou em greve de fome na quarta-feira nos jardins em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, e disse que só terminaria o protesto quando o governo retomasse as negociações com o Governo.

"A ministra da Saúde telefonou-me, anunciou-me que as negociações iriam ser retomadas. Portanto, não há motivo para continuar com a greve de fome", contou o sindicalista, que também recebeu um elemento do Ministério que lhe comunicou a decisão do governo.

"Agora vamos negociar com boa-fé, como fazemos sempre, o governo já conhece as nossas exigências", afirmou.

Diz que está com um otimismo moderado com a nova fase no diálogo com o governo. "A senhora ministra disse que ainda havia assuntos em que era possível uma aproximação", explicou.

Carlos Ramalho espera que esta nova negociação com o governo, prevista para o início de março, seja "justa e séria". "Sabemos que numa negociação nenhuma das partes atinge todos os objetivos, mas queremos que haja uma aproximação de posições. Estivemos sempre disponíveis para ceder, queríamos era uma negociação justa", considerou.

"Foi a decisão mais difícil da minha vida"

O dirigente sindical iniciou a greve de fome ao meio-dia de quarta-feira e assume que "foi difícil". "Conjugam-se vários fatores. Além da fome é o frio que tem estado, a minha condição física, é que já não sou um jovem. Não foi de facto fácil, mas a superação ultrapassou o resto", descreveu.

Prefere não afirmar se vai ou não recorrer a esta forma de protesto radical, caso as negociações falhem. "Esta foi a decisão mais difícil da minha vida", destacou. "Não tenho de pôr os cenários nesta forma, porque isto são decisões muito difíceis de tomar. Estou é disposto a continuar a lutar pelos enfermeiros", garantiu.

Carlos Ramalho terminou com a greve de fome ao comer "uma barra de cereais de chocolate". "Ainda não consegui comer mais nada porque agora tem de ser devagar".

Enfermeiros reúnem-se em frente ao Palácio de Belém

O líder sindical disse à Lusa que enfermeiros de todo o país se estão a deslocar para frente do Palácio de Belém e que vai aguardar por eles.

A "greve cirúrgica" foi convocada pela ASPE e pelo Sindepor em dez centros hospitalares, até 28 de fevereiro, depois de uma paralisação idêntica de 45 dias no final de 2018.

As duas greves foram convocadas após um movimento de enfermeiros ter lançado recolhas de fundos numa plataforma 'online' para financiar as paralisações, conseguindo um total de 740 mil euros.

Os principais pontos de discórdia são o descongelamento das progressões na carreira e o aumento do salário base dos enfermeiros.

A requisição civil foi contestada pelo Sindepor no Supremo Tribunal Administrativo, que se deverá pronunciar nos próximos dias.

No final da semana passada, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República considerou que a greve é ilícita, um parecer que foi de imediato homologado pela ministra da Saúde, ordenando a marcação de faltas injustificadas aos enfermeiros em greve a partir de hoje.

A ASPE pediu a suspensão imediata da paralisação, mas o Sindepor vai mantê-la e o seu presidente iniciou uma greve de fome.

Atualizado às 17:05

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