A Comissão Europeia reconheceu nesta terça-feira os progressos das redes sociais no combate às fake news (notícias falsas), mas salientou a necessidade de estas reforçarem este esforço, tendo em vista as eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam em maio..As plataformas Google, Facebook, Twitter e Mozilla - bem como associações de anunciantes online - apresentaram os primeiros relatórios com as medidas que estão a adotar com vista a cumprirem o Código de Conduta sobre Desinformação, salientando o executivo comunitário os progressos feitos, especialmente na remoção de contas falsas e a limitação da visibilidade a sites que promovem fake news..Em relação à rede social Facebook, a Comissão Europeia considera que esta precisa de clarificar quais as ferramentas que os consumidores terão à sua disposição e intensificar a cooperação com fact-checkers (investigadores que fazem verificação dos dados) e a comunidade investigadora na União Europeia (UE)..A Google, por seu lado, não disponibiliza todas as ferramentas de combate às fake news em todos os Estados membros, apelando Bruxelas a que a plataforma melhore o seu motor de busca no sentido de apoiar pesquisas a uma escala mais alargada..Ao Twitter, que Bruxelas destaca ter dado prioridade à remoção de contas falsas ou suspeitas, é pedido que forneça mais informação sobre como vai restringir fornecedores de desinformação de promoverem os seus tweets..A Mozilla deu conta do lançamento em breve de uma versão atualizada do seu motor de busca, que é capaz de bloquear automaticamente o rastreio de sites, mas falta informação concreta sobre como esta ação poderá limitar a informação sobre atividade de navegação online e que pode servir para campanhas de desinformação..Comissão Europeia quer transparência na propaganda política.Segundo a avaliação divulgada pela Comissão Europeia, são necessárias iniciativas que assegurem a completa transparência da propaganda política quando arrancar a campanha para as europeias em todos os Estados membros. O combate à desinformação está no topo da agenda da Comissão Europeia e também da nova presidência romena do Conselho da União Europeia..Foi, por isso, criado no final do ano passado um plano de ação conjunto que contém medidas como a criação de um sistema de alerta rápido para sinalizar campanhas de desinformação em tempo real. O plano prevê também um instrumento de autorregulação para combater a desinformação online: um código de conduta subscrito por grandes plataformas digitais, como Facebook, Google, Twitter e Mozilla, que se comprometeram a aplicá-lo..No que toca às campanhas dirigidas aos cidadãos, o documento define que as instituições da UE e os Estados membros promovam a literacia mediática através de programas específicos. As notícias falsas, a desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o Brexit no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro..O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus..As medidas tomadas pelas plataformas das redes sociais.As plataformas Google e Facebook estão a tomar medidas para evitar notícias falsas, nomeadamente durante a campanha para as eleições europeias de maio, criando mecanismos de verificação da informação. O responsável da Google para políticas públicas e relações governamentais na Europa, Médio Oriente e África, Jon Steinberg, disse nesta segunda-feira em Bruxelas que a gigante tecnológica está a "desenvolver colaborações com fact-checkers [pessoas que verificam dados] para as eleições europeias"..Além disso."Vamos ter uma news room [redação virtual] para que os jornalistas digam que informação é ou não verdadeira para as eleições europeias", acrescentou o responsável, lembrando que a Google leva "muito a sério a veracidade da informação", pelo que "costuma verificar que a informação divulgada sobre os eurodeputados é correta"..Jon Steinberg classificou esta plataforma norte-americana como "uma ferramenta poderosa para as eleições" porque "aumenta o pluralismo"..Por seu lado, Thomas Myrup Kristensen, responsável pela representação da Facebook em Bruxelas, anunciou na ocasião que esta plataforma vai criar "um código de conduta para a Europa sobre a propaganda política". Sublinhando a necessidade de criar ferramentas de educação digital para os cidadãos, Thomas Myrup Kristensen notou que o Facebook quer que "todos os utilizadores sejam capazes de fazer fact check"..O problema, a seu ver, é que "a informação falsa não é ilegal, já que, se fosse ilegal, seria mais fácil de combater"..Garantindo um permanente acompanhamento destas situações, o responsável exemplificou que, recentemente, o Facebook contratou "30 mil pessoas para trabalhar só na área dos conteúdos, na verificação de dados. E segundo Thomas Myrup Kristense, "apenas 3% a 4%" das contas na rede social Facebook são falsas.