Quem são os polémicos oradores da conferência na Universidade do Porto
Um estudo de um dos oradores que fez capa da revista Spectator, em 2011, com alegações falsas sobre a subida do nível dos oceanos e outro associado a uma instituição que tinha uma estratégia para minimizar o ensino das alterações climáticas nas escolas dos Estados Unidos da América, em 2012, são dois casos associados à conferência promovida pela Universidade do Porto, na sexta-feira e no sábado.
A "Basic Science of Climate Change" vai ser organizada pelo Independent Committee on Geoethics (IGC) com o objetivo expresso de "(des)contruir algumas ideias sobre alterações climáticas", lê-se na apresentação do evento no site da universidade. Entre os oradores destaca-se o sueco Nils-Axel Mörner, um dos organizadores e que é uma figura controversa que se tem destacado pelas intervenções negacionistas das alterações climáticas. Um crítico do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, Morner também questiona a ideia da subida média do nível dos oceanos.
De acordo com o jornal The Guardian, um estudo do investigador fez capa de uma revista, há sete anos, com falsas alegações sobre a subida do nível dos oceanos. Na revista, Mörner referia que lugares como as Maldivas, Bangladesh ou o Tuvalu não "precisavam de temer o aumento do nível dos oceanos" e o artigo também referia que não havia relação entre os níveis dos oceanos e as alterações do clima. O artigo do The Guardian refere também que o investigador "faz a alegação falsa de que o nível das águas dos oceanos considerado pela maioria dos cientistas do clima 'tinha sido baseado através de uma medidor de maré em Hong Kong".
O The Guardian também refere que as alegações foram desacreditadas pela comunidade científica.
Christopher Monckton, outro nome da lista, é também conselheiro do The Heartland Institute, um think tank norte-americano e conservador que se tem afirmado no combate às evidências científicas que comprovam o aquecimento global. De acordo com um artigo do The New York Times, em fevereiro de 2012, uma fuga de informação sugeria que a organização estava a planear uma iniciativa para minimizar o ensino sobre o aquecimento global nas escolas públicas.
A iniciativa considerava que "os diretores [das escolas] e os professores estão fortemente condicionados em relação à perspetiva alarmista" do aquecimento global, de acordo com o documento citado pelo The New York Times.
O jornal norte-americano também refere que "os documentos afirma que a Charles G. Koch Fundação de Caridade contribuiu com 25 mil dólares em 2011 e que iria contribuir com 200 mil dólares no ano seguinte", acrescentando que a fundação estava associada às "Koch Industries, uma refinaria de petróleo e uma das maiores empresas privadas do país".
"Os documentos sugerem que a Heartland [Institute] gastou vários milhões de dólares nos últimos cinco anos [antecessores a 2012] em esforços para diminuir as ciências do clima, e que muito desse valor era doado de um dador referido como "um dador anónimo".
Na altura, o Heartland Institute reconheceu que alguns documentos da organização tinham sido roubados e teve de pedir desculpa aos doadores cujos nomes tinham sido revelados pela fuga de informação.