Chama-se MuTaTo (toxina com múltiplos alvos) e é apresentado como um "antibiótico para o cancro". Segundo os investigadores israelitas que o estão a desenvolver, é um tratamento rápido, eficaz, com poucos efeitos colaterais e barato. Representa "a cura completa" para o cancro e, de acordo com os mesmos, deverá estar disponível dentro de um ano. Uma previsão animadora, divulgada pelo The Jerusalem Post, mas que deve ser olhada com muitas reservas. É essa a opinião dos especialistas ouvidos pelo DN, que a consideram irrealista e fantasiosa.."Acreditamos que dentro de um ano vamos oferecer uma cura completa para o cancro", disse Dan Aridor, presidente da Accelerated Evolution Biotechnologies Ltd. (AEBi), fundada em 2000, em Israel. A empresa biofarmacêutica encontra-se a desenvolver um tratamento que promete revolucionar a história do cancro, ao utilizar uma combinação de peptídeos [biomoléculas formadas pela união de dois ou mais aminoácidos] com uma toxina para matar especificamente as células cancerígenas.."A nossa cura para o cancro será eficaz desde o primeiro dia, durará apenas algumas semanas, terá efeitos colaterais mínimos e a um custo muito menor do que a maioria dos tratamentos no mercado", disse Aridor, que apresenta a solução como "genérica e pessoal"..Para Nuno Miranda, coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, "dizer que se vai ter uma cura para o cancro dentro de um ano é irrealista". Na opinião do especialista, "esta ideia que se vai conseguir resolver o cancro todo de um momento para o outro é fantasiosa para quem conhece a história da evolução da oncologia", já que "os progressos em oncologia fazem-se em pequenos passos". Além disso, sublinha, esta forma de apresentar a informação - "quase como um reality show e de forma pouco científica" - faz com que se levantem "esperanças desajustadas" na população..A tecnologia anunciada pelos israelitas já está, segundo Nuno Miranda, a ser usada "para editar o DNA das células e para incluir dentro das células novos genes que possam interferir com alterações que a própria célula já tenha". No entanto, alerta, "o cancro não é uma doença, é um grupo variado de doenças. E nós sabemos que as células malignas têm mais do que uma maneira de fazer as coisas"..Também Catarina Santos, especialista em cirurgia oncológica da mama no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, diz que, desconhecendo os pormenores desta investigação, o "conhecimento atual é de que não existe qualquer expectativa de haver uma cura única para todos os tipos de cancro". Segundo os autores israelitas, é possível combinar várias drogas, que conseguem seletivamente atingir as células tumorais, de forma exclusiva, sem impacto nas normais e com elevada eficácia. "Mas isto é o que se tem tentado fazer ao longo de décadas, sem se conseguir, porque as células de diferentes tumores são muito diferentes, como também o são dentro do próprio tumor.".Ressalvando que a notícia não especifica quais as técnicas exatas que os cientistas pretendem usar, Catarina Santos reconhece que todos gostariam "que fosse verdade ou parcialmente verdade", mas não acredita que esteja próxima da realidade. "Alguma tecnologia vai permitir grandes avanços e muita individualização de terapêuticas e já se viu que os israelitas têm dado grandes avanços mesmo nas inovações tecnológicas em medicina, mas com a informação dada na notícia não creio que num ano tenhamos cura ou aproximação de cura para todos os tipos de tumor", conclui..Não é afetado por mutações.Segundo o laboratório farmacêutico, o MuTaTo funciona como um antibiótico para o cancro. De acordo com os cientistas, este é um tratamento que não é afetado pelas mutações, que fazem com que muitas terapêuticas falhem..A maioria dos tratamentos, explicam, atacam um alvo específico (a célula cancerígena), mas este sofre mutações, dividindo-se e fazendo com que o fármaco se torne inútil e com que perca a sua função. Com o novo tratamento, o objetivo é que sejam atingidos três alvos ou células cancerígenas de uma só vez, tornando-se mais eficaz que os atuais fármacos. Desta forma, acreditam que não será afetado pelas mutações..Segundo o Jerusalem Post, a empresa já testou o tratamento em ratos de laboratório, nos quais se registou uma inibição do tumor, sem prejudicar as células saudáveis. As suas afirmações são, portanto, baseadas neste tipo de experiência, pelo que o próximo passo seria avançar para os ensaios clínicos em humanos. Mesmo que se viesse a revelar eficaz, são necessários vários anos até o tratamento poder ser usado em humanos.
Chama-se MuTaTo (toxina com múltiplos alvos) e é apresentado como um "antibiótico para o cancro". Segundo os investigadores israelitas que o estão a desenvolver, é um tratamento rápido, eficaz, com poucos efeitos colaterais e barato. Representa "a cura completa" para o cancro e, de acordo com os mesmos, deverá estar disponível dentro de um ano. Uma previsão animadora, divulgada pelo The Jerusalem Post, mas que deve ser olhada com muitas reservas. É essa a opinião dos especialistas ouvidos pelo DN, que a consideram irrealista e fantasiosa.."Acreditamos que dentro de um ano vamos oferecer uma cura completa para o cancro", disse Dan Aridor, presidente da Accelerated Evolution Biotechnologies Ltd. (AEBi), fundada em 2000, em Israel. A empresa biofarmacêutica encontra-se a desenvolver um tratamento que promete revolucionar a história do cancro, ao utilizar uma combinação de peptídeos [biomoléculas formadas pela união de dois ou mais aminoácidos] com uma toxina para matar especificamente as células cancerígenas.."A nossa cura para o cancro será eficaz desde o primeiro dia, durará apenas algumas semanas, terá efeitos colaterais mínimos e a um custo muito menor do que a maioria dos tratamentos no mercado", disse Aridor, que apresenta a solução como "genérica e pessoal"..Para Nuno Miranda, coordenador do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, "dizer que se vai ter uma cura para o cancro dentro de um ano é irrealista". Na opinião do especialista, "esta ideia que se vai conseguir resolver o cancro todo de um momento para o outro é fantasiosa para quem conhece a história da evolução da oncologia", já que "os progressos em oncologia fazem-se em pequenos passos". Além disso, sublinha, esta forma de apresentar a informação - "quase como um reality show e de forma pouco científica" - faz com que se levantem "esperanças desajustadas" na população..A tecnologia anunciada pelos israelitas já está, segundo Nuno Miranda, a ser usada "para editar o DNA das células e para incluir dentro das células novos genes que possam interferir com alterações que a própria célula já tenha". No entanto, alerta, "o cancro não é uma doença, é um grupo variado de doenças. E nós sabemos que as células malignas têm mais do que uma maneira de fazer as coisas"..Também Catarina Santos, especialista em cirurgia oncológica da mama no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, diz que, desconhecendo os pormenores desta investigação, o "conhecimento atual é de que não existe qualquer expectativa de haver uma cura única para todos os tipos de cancro". Segundo os autores israelitas, é possível combinar várias drogas, que conseguem seletivamente atingir as células tumorais, de forma exclusiva, sem impacto nas normais e com elevada eficácia. "Mas isto é o que se tem tentado fazer ao longo de décadas, sem se conseguir, porque as células de diferentes tumores são muito diferentes, como também o são dentro do próprio tumor.".Ressalvando que a notícia não especifica quais as técnicas exatas que os cientistas pretendem usar, Catarina Santos reconhece que todos gostariam "que fosse verdade ou parcialmente verdade", mas não acredita que esteja próxima da realidade. "Alguma tecnologia vai permitir grandes avanços e muita individualização de terapêuticas e já se viu que os israelitas têm dado grandes avanços mesmo nas inovações tecnológicas em medicina, mas com a informação dada na notícia não creio que num ano tenhamos cura ou aproximação de cura para todos os tipos de tumor", conclui..Não é afetado por mutações.Segundo o laboratório farmacêutico, o MuTaTo funciona como um antibiótico para o cancro. De acordo com os cientistas, este é um tratamento que não é afetado pelas mutações, que fazem com que muitas terapêuticas falhem..A maioria dos tratamentos, explicam, atacam um alvo específico (a célula cancerígena), mas este sofre mutações, dividindo-se e fazendo com que o fármaco se torne inútil e com que perca a sua função. Com o novo tratamento, o objetivo é que sejam atingidos três alvos ou células cancerígenas de uma só vez, tornando-se mais eficaz que os atuais fármacos. Desta forma, acreditam que não será afetado pelas mutações..Segundo o Jerusalem Post, a empresa já testou o tratamento em ratos de laboratório, nos quais se registou uma inibição do tumor, sem prejudicar as células saudáveis. As suas afirmações são, portanto, baseadas neste tipo de experiência, pelo que o próximo passo seria avançar para os ensaios clínicos em humanos. Mesmo que se viesse a revelar eficaz, são necessários vários anos até o tratamento poder ser usado em humanos.