25 agosto 2018 às 16h45

Campanhas não chegam aos miúdos e fuma-se cada vez mais cedo na Europa

Segundo coautora do estudo europeu, quanto mais cedo as pessoas começam a fumar, mais forte será o vício, pelo que as campanhas antitabagismo devem ser dirigidas às camadas mais jovens

Joana Capucho

A introdução ao tabaco está a acontecer cada vez mais cedo na Europa, onde nos últimos 40 anos se registou um aumento do número de pessoas que começaram a fumar entre os 11 e os 15 anos. Por outro lado, nas faixas etárias seguintes, aquelas onde se concentra a maior percentagem de fumadores, caiu a iniciação ao consumo.

"Desde 1970, as campanhas contra o tabagismo parecem ter sido amplamente bem-sucedidas, mas a mensagem não conseguiu chegar às camadas mais jovens", diz Cecilie Svanes, professora no Centro de Saúde Internacional da Universidade de Bergen, na Noruega, e co-autora do estudo cujos resultados foram publicados recentemente na PLOS One.

Os investigadores do projeto europeu de pesquisa ALEC(Ageing Lungs in European Cohorts) reuniram dados de 120 mil pessoas de 17 países europeus, entre os quais Portugal. Uma das questões feita aos participantes era sobre a idade em que tinham começado a fumar, no período entre 1970 e 2009.

Os resultados mostram um declínio na iniciação ao tabaco em todas as faixas etárias,à exceção da faixa etária dos 11 aos 15 anos, onde se registou um aumento, com maior incidência nos últimos 10 anos em estudo.

De acordo com a mesma investigação, o tabagismo aumentou entre as mulheres da Europa Ocidental, onde 40 em cada 1000 começaram a fumar anualmente, o dobro do número registado em 1970.

Vício torna-se mais forte

Citada no site da universidade, Cecilie Svanes diz que estudos anteriores já tinham mostrado que o vício será mais forte se a pessoa começar a fumar muito cedo. Por isso, alerta, é necessário dirigir as campanhas anti-tabagismo para os mais novos.

Um dos projetos que a professora lidera no ALEC visa compreender como é que o hábito de fumar no pai influencia a saúde dos filhos. "Temos visto que, para um homem que começa a fumar antes dos 15 anos, há influências sobre o futuro da criança. Por exemplo, tem asma com mais frequência do que os outros", adianta.