Não existe quantidade segura para o consumo de álcool, diz estudo

Em 2016, os homens portugueses consumiam uma média diária de sete bebidas alcoólicas, de acordo com a Universidade de Washington
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Em 2016 cerca de três milhões de mortes estavam ligadas ao consumo de álcool, sendo que 12% são de homens com idades compreendidas entre os 15 e os 49 anos, segundo um estudo publicado esta sexta-feira na revista médica internacional The Lancet e disponível na página do Instituto de Métricas de Saúde e Avaliação da Universidade de Washington, nos EUA.

Entre 1990 e 2016 foram analisados os resultados e os padrões de saúde de consumidores de álcool, tendo por base a idade e o género em 195 países e territórios. Foram analisados dados relativos ao consumo atual, períodos de abstinência, e doenças entre os consumidores mais regulares, nomeadamente doenças transmissíveis e intransmissíveis, entre as quais cardiovasculares e oncológicas.

"São muitos os riscos de saúde associados ao álcool. As nossas descobertas são consistentes com outras pesquisas recentes, que encontraram ligações claras e convincentes entre a bebida e mortes prematuras, cancro e problemas cardiovasculares", diz Emmanuela Gakidou.

O mesmo estudo indica que em média cada pessoa consome diariamente dez gramas de álcool puro, o equivalente a um copo de vinho tinto de 100 ml (com um volume de álcool de 13%), uma garrafa ou lata de cerveja de 375 ml (com um volume de 13%) e um shot de whiskey ou outras bebidas espirituosas de 30 ml (40% do volume de álcool).

Os padrões do consumo de álcool variam consoante o país e o sexo, o consumo médio por pessoa assim como a carga de doenças atribuída. Assim, em 2016 cerca de mil milhões de pessoas consumiam álcool, sendo 63% do sexo masculino. No Reino Unido, por exemplo, uma bebida padrão corresponde a oito gramas de álcool, enquanto na Austrália corresponde a dez gramas, nos Estados Unidos 14 gramas e no Japão 20 gramas.

"Compreendemos agora que o álcool constitui uma das maiores causas de morte em todo o mundo. Precisamos de agir agora. Precisamos de agir urgentemente para prevenir estas milhões de mortes. E nós podemos fazer isso", disse o editor da The Lancet Richard Horton.

Para este estudo da Carga Anual de Doenças (GBD) contribuíram mais de 500 pessoas, entre as quais académicos, investigadores e outros colaboradores de mais de 40 países, de acordo com o investigador sénior Max Griswold. "Com a maior base de dados recolhidos até ao momento, o nosso estudo estabelece uma ligação clara entre a saúde e o consumo de álcool - beber causa uma perda substancial de saúde, em várias formas, em todo o mundo", disse Griswold.

No estudo estão incluídas 694 fontes de dados do consumo de álcool ao nível individual e da população, bem como 592 estudos prospetivos e retrospetivos no que toca aos riscos do consumo de álcool.

Em 2016, dez países apresentavam as menores taxas de mortalidade ao nível global: Kuwait, Irão, Palestina, Líbia, Arábia Saudita, Iémen, Jordânia, Síria, Maldivas e Singapura. Em contrapartida, países como a Rússia, a Ucrânia, a Lituânia, a Bielorrússia, a Mongólia, a Letónia, o Cazaquistão, o Lesoto, o Burundi e a República Centro-Africana apresentavam, no mesmo período, as taxas de mortalidade mais elevadas.

"Existe uma necessidade urgente de reformular pesquisas que encorajam a redução dos níveis do consumo de álcool ou uma abstinência completa. O mito de que uma ou duas bebidas por dia é ótimo é precisamente isso - um mito. E este estudo vem quebrar esse mito", disse Gakidou.

Em 2016 Portugal registava um consumo diário de sete bebidas alcoólicas no sexo masculino, ficando apenas atrás da Roménia, com oito bebidas.

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