A música ao vivo tem o poder de curar? O estudo inédito num hospital de Madrid

O hospital 12 de Octubre e a associação espanhola Musica en Vena tentam demonstrar o impacto da música do ponto de vista clínico.
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Será que algum dia vai ser possível provar que a música pode ser tão benéfica para os doentes como a fisioterapia ou a nutrição? Juan Carlos Montejo, chefe do serviço de Medicina Intensiva do hospital 12 de Octubre, em Madrid, acredita que sim. No âmbito do programa "Músicos Internos Residentes" (MIR), o hospital universitário e a organização Musica en Vena procuram estudar os efeitos da música nos pacientes. "Podemos vir a ter um músico para tratar certas patologias e doentes", diz Montejo, citado pelo ABC.

Há cerca de sete anos que a associação sem fins lucrativos Musica em Vena procura aliviar o sofrimento dos pacientes internados em hospitais através da música ao vivo, contando com passagens por mais de 20 unidades de saúde. Primeiro com micro concertos para humanizar o ambiente na saúde, agora com o estudo científico MIR. Desta forma, procura demonstrar qual o impacto da música ao vivo no quadro clínico de determinados pacientes.

"Acreditamos que no dia em que ouvem música precisam de menos doses de sedação", afirmou Montejo, citado pela publicação espanhola. Embora estejam "convencidos" de que a música pode efetivamente ter um efeito positivo, os médicos dizem que são necessárias mais evidências para chegar a resultados conclusivos.

No hospital, a comissão de ética aprovou a introdução da música ao vivo em seis serviços: Medicina Intensiva, Hematologia, Neonatologia, Neurologia, Cardiologia e Reabilitação.

Segundo o ABC, a investigação parte do princípio que a música pode ter benefícios na redução da ansiedade, na diminuição da frequência cardíaca em doentes internados em unidades de cuidados intensivos, numa menor perceção da dor em doentes com dor crónica e na amamentação de prematuros.

"Temos que investigar, como uma ferramenta para certificar aquilo que já sabemos", sublinhou Juan Alberto García de Cubas, diretor da Musica em Vena, destacando que só depois será possível criar um protocolo para a aplicação da música ao vivo.

"Recentemente, tivemos a primeira sessão em Neurologia, focada em pessoas com enxaqueca crónica. Para elas, é a única esperança de conseguir alivio e reduzir os fármacos", contou Ana María Díaz-Oliver, chefe do departamento de Responsabilidade Social Corporativa do hospital. De acordo com a responsável, há cada vez mais serviços a pedir para entrar no programa.

Assim que for possível, adiantou Ana María, a música ao vivo será integrada em mais dois departamentos: Psiquiatra e Digestivo.

De acordo com os primeiros resultados obtidos, o programa não tem benefícios só para os doentes, mas também no próprio ambiente do hospital. Segundo o ABC, 95,6% dos funcionários contaram que se sentiram melhor após a experiência e 74% dos funcionários dos cuidados intensivos consideraram que foi relaxante. No que diz respeito aos familiares, 95.3% afirmaram que os pacientes se sentiam melhor depois de ouvir a música.

Para já, os músicos são selecionados e contratados para atuarem junto dos doentes, mas Juan Carlos Montejo acredita que o desafio é vir a integrá-los nas equipas, ao lado de outros profissionais de saúde.

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