Hospitais recebem novos medicamentos para o combate ao cancro

Segundo a Autoridade Nacional do Medicamento, os fármacos aprovados são mais eficazes na luta contra o cancro, trazem benefícios económicos e um deles, associado à imunoterapia, pode mesmo aumentar um pouco o tempo de vida dos doentes.
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Os hospitais portugueses receberam no primeiro trimestre deste ano cinco novos medicamentos para tratamentos na área da oncologia, aprovados pela Autoridade Nacional do Medicamente (Infarmed). Destinam-se a pacientes com diagnósticos de melanomas múltiplos, cancro gástrico, nos pulmões, nos rins, na mama e à contenção dos efeitos da quimioterapia. São alternativas mais eficazes a outros fármacos da mesma família e há um que pode mesmo aumentar até 30% a esperança média de vida dos doentes.

"Estamos a falar de medicamentos que neste contexto trazem claras mais-valias para as pessoas em termos de aumento de progressão de sobrevivência (tempo em que a pessoa vive com a doença controlada) e nalguns casos até já começamos a ver alguns sinais de aumento de sobrevivência", diz o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Paulo Cortes.

É o caso do Opdivo, que segundo o estudo de avaliação do Infarmed pode conceder até mais sete meses e meio de vida a adultos com melanoma avançado, linfomas de Hodgkin clássicos, cancro no pulmão, no sistema urinário, na cabeça e no pescoço. "Estes novos fármacos de imunoterapia vão estimular o próprio sistema imunitário para poder lidar com a doença oncológica e num subgrupo de doentes há benefícios muito prolongados no tempo. Pode ser um pilar fundamental no tratamento de algumas situações clínicas. Existem outros tratamentos de imunoterapia mas este é menos tóxicos e mais eficaz", explica o médico.

Ainda para casos de tumores neuroendócrinos com origem no pâncreas, no estômago, nos intestinos, nos nos pulmões ou nos rins, o Infarmed deu aval positivo ao Afinitor que tem uma "eficácia discreta, mas considerada positiva nestes doentes", quando comparado com os medicamentos receitados anteriormente para os mesmos fins como o fulvestrant. É também usado no tratamento do cancro da mama avançado (depois da menopausa). Tal como o inibidor Ibrance, que "aumenta a eficácia da hormonioterapia", e cujos efeitos podem ser comprados, em muitos casos, à quimioterapia, substituindo ou retardando este último tratamento. Sendo que tem "um perfil de tolerabilidade superior ao da quimioterapia", segundo Paulo Cortes.

Também já está disponível o Darzalex, indicado para o tratamento de adultos com mieloma múltiplo que tenham recebido pelo menos uma terapia anterior. E o Akynzeo, um medicamento que atua na prevenção e na diminuição de náuseas e de vómitos relacionados com a quimioterapia. "Aposta essencialmente na melhoria da qualidade de vida das pessoas", refere o presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia.

Poupança para o SNS

Em 2018, os tratamentos para o cancro representaram um quinto do total das despesas dos hospitais, com um custo associado de 342 milhões de euros. Em 2017, foram gastos 284 milhões de euros. Segundo o Infarmed, o aumento da despesa com estes fármacos está relacionada com aprovação de novas opções de terapêuticas inovadoras. No ano passado a Autoridade do Medicamento autorizou 12 novas substâncias para tratamentos oncológicos.

No entanto, os novos comprimidos - genéricos e biossimilares (medicamentos biológicos idênticos aos comprimidos biológicos de referência) - representam uma poupança significativa para o Serviço Nacional de Saúde, que ainda não é possível quantificar, segundo o indicou o Infarmed ao DN.

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