Deve-se dar mais atenção ao excesso de gordura na barriga do que à que está localizada em outras partes do corpo, como nas coxas e na zona da anca, recomendam os cientistas que estiveram envolvidos num extenso estudo, divulgado esta quarta-feira. Concluiu-se que a gordura a mais à volta da cintura está associada a um maior risco de morte prematura por qualquer causa, independentemente da gordura corporal que a pessoa tenha..O estudo, considerado o mais extenso na área até ao momento, desenvolvido por uma equipa internacional, envolveu mais de 2,5 milhões de participantes, que foram seguidos entre três a 24 anos. Perante os resultados obtidos, os investigadores defendem que se deve dar mais atenção à gordura abdominal, que muitos definem por "pneus", uma vez que é um melhor indicador do estado de saúde em comparação com peso corporal em geral..Já a gordura a mais nas coxas e na zona das ancas representa um risco mais baixo de morte prematura, referem os investigadores no estudo que foi publicado esta quarta-feira na publicação especializada The BMJ..Após a análise de 72 estudos, que envolveram mais de dois milhões de pessoas, os cientistas concluíram que o risco de morte prematura associado ao excesso de gordura na barriga é mais evidente nos homens..O trabalho desenvolvido por uma equipa internacional de investigadores concluiu que nas mulheres cada 10 centímetros a mais na gordura da barriga aumentava em 8% o risco de morte prematura por qualquer causa. Já em relação aos homens, cada aumento de 10 centímetros na circunferência abdominal elevava o risco de morte prematura em 12%, escreve a CNN..Perante estes resultados, os especialistas recomendam que haja uma maior atenção à "gordura central", ou seja na zona da barriga, do que ao índice de massa corporal (IMC), que é relação entre a altura e o peso..Os investigadores consideram também que o excesso de gordura na barriga é um melhor indicador do estado de saúde de uma pessoa do que o IMC, que não identifica onde a gordura está retida no corpo..Cada um dos estudos analisados calculou o risco de morte prematura tendo em conta pelo menos três formas de medir a "gordura central": a circunferência da barriga, da anca e das coxas..Concluiu-se que a maioria das medidas da gordura abdominal foram "significativamente" associadas "a um maior risco de mortalidade por todas as causas", mesmo tendo em conta o índice de massa corporal dos participantes.."Descobrimos que as associações permaneceram significativas depois que de contabilizado o índice de massa corporal, o que indicava que a deposição abdominal de gordura, independente da obesidade geral, está associada a um risco maior", dizem os autores do estudo, itado pelo site britânico Express & Star..Cada aumento de 10 centímetros na circunferência da cintura foi associado a um risco de 11% de mortalidade por todas as causas, concluíram os investigadores..Um dos autores do estudo, Tauseef Ahmad Khan, do departamento de ciências nutricionais da Universidade de Toronto explica que a gordura abdominal pode originar mais problemas do que a gordura a mais localizada noutras áreas do corpo.."A gordura da barriga é a aquela que é armazenada ao redor dos órgãos da zona abdominal e o seu excesso está relacionado ao colesterol alto, à pressão alta, às doenças cardíacas, aos diabetes e derrames", alerta Khan para concluir: "portanto, ter mais gordura na barriga pode aumentar o risco de morrer por estas doenças.".Mas nem tudo são más notícias, uma vez que que o risco de morte prematura diminui, dizem os especialistas, em relação ao excesso de gordura nas coxas e na zona das ancas. Tudo por causa do efeito protetor que a gordura provoca nesta zona do corpo..Verificou-se, por exemplo, que o aumento de dez centímetros na circunferência da anca foi associado a um risco menor em 10% de todas as causas de mortalidade e o aumento de cinco centímetros na circunferência da coxa foi relacionado a um risco menor de 18%.."A gordura da anca é considerada benéfica e o tamanho das coxas representa um indicador da quantidade de músculo, que é protetor", explica Tauseef Ahmad Khan ao site Insider..Os autores deste extenso estudo esperam que as descobertas alcançadas na adiposidade na zona da barriga sirvam como uma abordagem complementar, em combinação com o índice de massa corporal, de modo a determinar o risco de morte prematura..Perante os resultados obtidos, o investigador Khan refere que as pessoas devem dar mais atenção à gordura abdominal, "em vez de se concentrarem apenas no peso ou no índice de massa corporal".."A cintura é um melhor indicador da gordura da barriga e, embora não se possa definir de onde se perde gordura, perder peso através de dieta e exercícios também irá reduzir a gordura da cintura e, portanto, da barriga",recomenda Tauseef Ahmad Khan.