Foi acusado de conduzir com álcool mas produzia cerveja no próprio corpo
Quando a polícia o mandou parar e o acusou de estar a conduzir embriagado, o norte-americano recusou-se a soprar o balão, garantindo que não tinha bebido nada. As autoridades da Carolina do Norte detiveram-no e levaram-no para o hospital, onde o teste de alcoolemia revelou o equivalente a dez copos de cerveja. Afinal, e apesar da descrença dos polícias e dos médicos, não tinha bebido: o seu corpo produziu cerveja.
A descoberta foi feita por investigadores do centro médico da Universidade de Richmond, em Nova Iorque, que detetaram um fungo no intestino do homem com quase 40 anos e colocaram a hipótese do fermento se ter misturado com os hidratos de carbono para criar álcool. O homem foi entretanto diagnosticado com um síndrome de auto-cervejaria ou de fermentação intestinal, relatado num estudo do BMJ Open Gastroenterology.
"Estes doentes têm exatamente os mesmos problemas que os alcoólicos, o mesmo cheiro, a sonolência, as alterações no andar", explica à CNN o autor principal do estudo, Fahad Malik. "A única diferença é que podem ser tratados com medicamentos antifúngicos".
O síndrome da fermentação intestinal é raro e acontece porque o excesso de leveduras (um tipo de fungo) no intestino transforma os hidratos de carbono em álcool. O tratamento é feito à base de fármacos que ajudam a combater as bactérias nos intestinos.
Mais complicado é o diagnóstico, uma vez que no passado a doença era até considerada um mito. Os sinais incluem a mudança de humores, o delírio e perdas de memórias, antes ainda de o doente começar a sentir os sintomas ligados à embriaguez. O síndrome foi descrito em 1932 e começou a ser estudado nas décadas de 1930 e 1940. Mas o primeiro grupo de casos (20 a 30) apareceu no Japão, em 1970, e dez anos depois começaram os relatos nos Estados Unidos.