Filhos de homens mais velhos tendem a ter mais problemas de saúde
De acordo com um estudo realizado por médicos e investigadores norte-americanos da Universidade de Stanford, na Califórnia, os filhos de homens com idade igual ou superior a 45 anos tendem a ter mais problemas de saúde do que aqueles que nasceram de pais jovens. E até as mulheres que decidem ter filhos com homens mais velhos podem estar em risco.
Segundo o The Guardian, o estudo contemplou as 40 milhões crianças nascidas entre 2007 e 2016 nos Estados Unidos e foi publicado no British Medical Journal . Os investigadores concluíram que, a partir desta idade, há um risco 14% superior de parto prematuro, peso baixo à nascença e de ser necessária terapia intensiva neonatal.
Esta faixa etária está ainda 18% mais propensa a ter filhos que sofram de convulsões do que os que são pais entre os 25 e os 34 anos. Além disso, as mulheres que são mães com homens a partir dos 45 estão sob maior risco de ter diabetes gestacional.
Um dos autores do relatório, Michael Eisenberg, alerta para os impactos que a paternidade tardia pode prescrever nas sociedades. De acordo com o Gabinete Nacional de Estatística, na Inglaterra e País de Gales a idade média das pessoas que foram pais pela primeira vez aumentou cerca de um ano por década nos últimos 40 anos. No que toca à mulher, os dados publicados em março deste ano pela Eurostat relativamente a Portugal apontavam que, em média, as mulheres portuguesas esperam até ao 29,6 anos para serem mães pela primeira vez. Não muito longe da média da União Europeia, situada nos 29 anos.
Os resultados levaram Eisenberg a alertar, então, para que o planeamento familiar tenha em conta a idade e os potenciais riscos de adiar. "Os homens não devem pensar que têm uma pista ilimitada", conta.
Os responsáveis pelo estudo dizem que o problema começa nas mudanças de ADN dos espermatozoides dos homens mais velhos, explicação já apoiada por outros estudos anteriores, nomeadamente um de Harvard do ano passado, onde foi aferida uma correlação direta entre a diminuição de nascimentos por fertilização in vitro e o aumento da idade dos pais.
Uma conclusão para a qual a epidemiologista perinatal Hilary Brown da Universidade de Toronto, independente deste estudo, advertiu, pois os danos no ADN dos espermatozoides são apenas uma possível explicação para o efeito. De acordo com a mesma, é demasiado complexo fazer a separação do impacto da idade da mãe e do pai na criança.
De acordo com a especialista, "a idade paterna avançada está associada a comportamentos negativos de saúde, como tabagismo e consumo frequente de álcool, obesidade, doenças crónicas e doenças mentais".