"Detetives de metais" roubaram tesouro viking que promete reescrever a história

Dois homens encontraram um tesouro viking avaliado em 3 milhões de libras (cerca de 3,5 milhões de euros) que pode fornecer novas informações sobre a criação de Inglaterra como um único reino. Não o declararam e venderam-no à melhor oferta.
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George Powell e Layton Davies, dois "detetives de metais", desenterraram em 2015 cerca de 300 moedas num campo em Eye, na região inglesa de Herefordshire, não declararam a descoberta, venderam-na a revendedores e foram condenados por roubo e por ocultar a descoberta, assim como os revendedores.

Em causa, estava um tesouro viking avaliado em 3 milhões de libras (cerca de 3,5 milhões de euros) que incluía um anel de ouro do século XXI, uma bracelete com a cabeça de um dragão, outros objetos e 31 moedas. Algumas joias foram recuperadas, mas a maioria está em falta.

Vários especialistas dizem que as moedas, que são saxónicas e que se crê terem sido escondidas por um viking, poderão ajudar a reescrever a história. "Essas moedas permitem-nos reinterpretar a nossas história num momento fundamental da criação de Inglaterra como um único reino", afirmou Gareth Williams, curador das primeiras moedas medievais do British Museum, citado pela BBC.

As moedas recuperadas foram emitidas por dois reinos distintos, mas vizinhos, no final do século IX, Wessex e Mercia, o que poderá indiciar uma aliança que antes não se pensava existir entre os respetivos reis. Na altura, Wessex era governado por Alfred, o Grande, e Mércia por Ceolwulf II, que "simplesmente desapareceu da história sem deixar rasto" quando o tesouro foi enterrado por volta de 879, frisou Williams. "O que as moedas mostram, apesar de possíveis dúvidas, é que havia realmente uma aliança entre Alfred e Ceolwulf", prosseguiu.

"Esta é uma descoberta de importância nacional a partir de um momento chave na unificação de Inglaterra e aconteceu justamente no momento em que os vikings estavam a lançar um forte ataque", diz Gareth Williams, que acredita que o tesouro foi enterrado por um viking, apesar de a maior parte das peças ser anglo-saxónica. "Provavelmente foi enterrado para preservá-lo de outros vikings e anglo-saxónicos e por qualquer motivo a pessoa que o enterrou não conseguiu voltar a recuperá-lo", frisou.

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