Corpo da mulher bloqueia os espermatozoide mais fracos, dizem cientistas
O funcionamento do sistema reprodutor feminino só permite que os espermatozoides mais fortes cheguem ao óvulo.
Já se sabe que o funcionamento do sistema reprodutor feminino é, para os espermatozoides, uma competição exigente. Mas o que ainda não se sabia é que não são só os mais rápidos, mas apenas os nadadores mais fortes têm livre-trânsito para a fecundação. Através de simulações computorizadas, uma equipa de cientistas americanos conseguiu provar que o aparelho de reprodução feminino se comporta de forma a impedir os espermatozoides mais fracos de prosseguirem até ao óvulo e só os melhores podem gerar um feto.
Os testes, citados pelo The Guardian, mostraram que os únicos que chegavam ao óvulo eram os espermatozoides capazes de atravessar os pontos mais estreitos - conhecidos como estenoses -, enquanto os mais fracos eram apanhados pela corrente e empurrados no sentido contrário ao destino. A equipa de investigadores provou ainda que o mesmo acontece com os espermatozoides dos touros, também parte desta análise.
De acordo com o principal autor do estudo, químico na Universidade de Cornell, em Nova Iorque, "o efeito geral destas restrições é evitar que espermatozoides passem para o óvulo, selecionando aqueles com maior capacidade de mobilidade". Em entrevista ao The Guardian, Alireza Abbaspourrad diz que "em alguns pontos, o canal é extremamente estreito, para que apenas alguns possam passar, enquanto outros falham".
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Até agora, só tinha sido estudado o caminho e a rapidez das células reprodutivas masculinas, mas esta equipa de cientistas quis ir mais longe e perceber como reagem quando atingem partes mais estreitas do sistema reprodutor feminino, na pequena ligação entre o útero e as Trompas de Falópio. Isto pode ser um desafio, uma vez que nadam de baixo para cima, no sentido contrário ao fluidos, que descem contra eles.
Para a investigação, os cientistas construíram um pequeno dispositivo "micro fluídico", com canais estreitos que limitassem a passagem dos espermatozoides e fluidos em contracorrente.
"A parte mais surpreendente para nós foi a forma como os espermatozoides nadaram, fazendo este caminho em forma de borboleta", disse Abbaspourrad. "O formato do caminho gera uma acumulação de espermatozoides de tal forma que os espermatozoides mais rápidos ficam mais próximos dos canais estreitos e uns dos outros, enquanto os espermatozoides mais lentos são arrastados pelo fluxo e se afastam", explicou.
Allan Pacey, professor de andrologia da Universidade de Sheffield, também em entrevista ao jornal, disse que as conclusões deste estudo fazem "um perfeito sentido biológico e ajuda a explicar como o sistema reprodutor feminino é capaz de garantir que os melhores espermatozoides chegam ao óvulo".