Comércio de "canábis light" dispara em Itália
Alteração legislativa abriu a porta à comercialização de plantas com nível psicoativo baixo. Empresa já tem 500 pontos de venda espalhados pelo país
A produção italiana de cânhamo de baixa intensidade, conhecido como "canábis light", aumentou muito em 2018. Centenas de lojas dedicadas à venda desta substância abriram portas desde janeiro de 2017, quando o governo italiano aprovou uma lei que regula o cultivo de cânhamo para a produção de alimentos, tecidos, roupas, biocombustíveis, material de construção e comida para animais (sendo que o nível de THC, a substância psicoativa da canábis, não pode ser superior a 0,6%). A norma, contudo, não faz qualquer referência à comercialização da planta de canábis.
"Nós percebemos que a lei abria a porta a um projeto comercial. Não podemos continuar a ignorar que a parte mais rentável do nosso negócio são justamente as plantas", diz Luca Marola, o fundador da Easyjoint, a primeira empresa a comercializar o canábis light. As plantas, com um nível de THC de apenas 0,2%, são etiquetadas como sendo destinadas a "uso técnico", pois para poderem ser vendidas como um produto para inalar seria obrigatória uma aprovação do Ministério da Saúde.
Luca Marola, em declarações ao jornal El Pais, admite que a empresa já recebeu "várias multas" por as autoridades considerarem que a etiquetagem do produto não corresponde à sua real utilização. Mas, adianta, que até agora "ninguém se atreveu a modificar as etiquetas", mesmo que o Conselho Superior de Saúde italiano, um órgão com funções consultivas, tenha considerado que a venda livre de canábis light "não está isenta de riscos". O negócio, entretanto, segue de vento em popa: a Easyjoint já abriu 500 pontos de venda, tem uma produção anual de 25 toneladas de plantas, cultivadas num campo com 600 hectares.
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Segundo dados da principal associação italiana do setor da agricultura, a Coldiretti, em 2018 existem 4000 hectares de plantação de cânhamo, quando em 2013 eram apenas 400 hectares. Este ano, a substância psicoativa da canábis, a THC, pode gerar um volume de negócios na ordem dos 40 milhões de euros.