A maior explosão de sempre de uma estrela
A teoria previa que este nível de energia para a explosão de uma estrela poderia acontecer, mas até hoje nunca tinha sido observada. Graças ao telescópio Hubble, foi agora confirmada a verdadeira natureza de um acontecimento estelar identificado em janeiro deste ano por diferentes observatórios astrónomos - o GRB (de gamma-ray burst) número 190114C.
O brilho extremamente intenso catalogado como GRB 190114c foi, afinal, a maior explosão de raios gama até hoje observada. Aconteceu numa galáxia distante, a cerca de cinco mil milhões de anos-luz deste canto da Via Láctea, e foi visto pelos astrónomos em janeiro deste ano.
O brilho insólito chamou de imediato a atenção dos astrofísicos. É sabido que estas "erupções"de raios gama, que ocorrem quando estrelas gigantes, esgotadas do seu próprio combustível, chegam ao fim da vida, são as explosões mais energéticas no universo. Quando acontecem - à razão de uma por dia, de acordo os astrónomos - lançam através do espaço oceanos de matéria e de luz, essencialmente sob a forma de raios gama.
As medições mostraram de imediato que se estava perante um recorde energético, que a teoria já previa que deveria ser possível em condições específicas: o da emissão do material a uma velocidade quase idêntica à da luz (99,999%) por parte de uma estrela em colapso. Seria o caso?
Para tirar a isso a limpo, bem como as causas da mega-explosão, os cientistas usaram o telescópio Hubble para observar em detalhe a apoteótica morte da estrela, e o ambiente em volta dela, para tentarem perceber o que poderia estar na sua origem.
A resposta a estas questões foi publicada pela equipa na edição desta semana da revista Nature. De acordo com os astrofísicos sob coordenação de Antonio Ugarte Postigo, do Instituto de Astrofísica da Andaluzia, em Espanha, o GRB 190114c ocorreu no coração de galáxia massiva, o que indica que se deu num ambiente mais denso do que é habitual para este tipo de explosões de raios gama.
Para a equipa, esse poderá ser o elemento essencial na base da mega-explosão.
"Há muito que os cientistas tentavam observar um fenómeno desta dimensão em termos de explosões de raios gama", admite Antonio Ugarte Postigo. "Esta nova observação é um passo vital no avanço do conhecimento sobre as explosões de raios gama e o seu ambiente", mas também "sobre a forma como a matéria se comporta quando se movimenta a 99.999% da velocidade da luz", conclui.