Vai a Cannes? Leve as Havaianas

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O Bill Clinton vai, a Debbie Blondie Harry e Ridley O Gladiador Scott também. Não ao Rock in Rio, mas ao evento a que os gurus da publicidade chamam a sua "meca inspiradora": o festival de publicidade Cannes Lions.

A partir do dia 17, criativos dos quatro cantos do mundo convergem na francesa Côte d'Azur para a sua dose de criatividade anual. "O ano começa e acaba em junho, em Cannes", diz José Carlos Bomtempo, diretor criativo da BAR. Não há como fugir a Cannes. "Se trabalhássemos na indústria automóvel teríamos de ir ao Salão de Genebra ou de Frankfurt. Cannes é isso para os publicitários", diz Bomtempo. Mesmo nos dias em que a internet torna tudo acessível com um clique, ir a Cannes ainda é "a" experiência. "É um tapa na cara, do quanto é possível fazer melhor", descreve Luciana Cani, recém-nomeada diretora criativa executiva da Leo Burnett Lisboa - agência que em 2009 fez história quando trouxe para Portugal onze Leões.

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Para Nuno Cardoso, da agência Nossa, ir a Cannes é "um boost". "É dos poucos locais em que o voltar é melhor do que o ir. O Cannes effect sente-se realmente durante muitos meses e por isso se torna tão importante para um publicitário", assegura. Talvez por isso, "mesmo com o sol da Côte D'Azur aos gritos cá fora, conseguimos passar horas na cave do Palais, por entre ideias geniais e gente realmente interessante". A experiência Cannes passa também por "rever grandes criativos e celebrar o bom trabalho", completa João Espírito Santo, diretor criativo da Ogilvy&Mather.

Porém, as celebrações não passam apenas pelo Palais do festival. Há mais em Cannes do que ganhar Leões ou cruzar-se na La Croisette com os gurus da publicidade. As festas são lendárias - e nem sempre as que ficam na memória são as da organização. Diz quem já lá foi que a melhor é a dos Jovens Criativos da Holanda. É a "mais procurada, aquela que bate todo os índices de 'tu sabes o que aconteceu ontem à noite'", revela Marcelo Lourenço. "É sempre à terça-feira, na praia, mas todos os anos num lugar diferente e ninguém sabe direito como conseguir um convite", continua o diretor criativo da Fuel. O melhor é preparar o terreno. "Na segunda-feira comece já a perguntar a toda a gente e logo alguém que conhece um amigo de um amigo de uma ex-dupla vai dizer-lhe com quem tem de falar para ter o nome na porta."

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Quando o que se quer é recuperar forças, nada bate o Carlton. Em plena La Croisette, de frente para o Mediterrâneo, o hotel "é o mais cinematográfico de todos". Mas atenção: durante o festival, que em média junta mais dez mil pessoas à população da cidade, "conseguir hotel em Cannes já é um luxo", diz o diretor criativo da Fuel. Sinal dos tempos, com o Brasil em força, "fica tudo esgotado em abril". Se a única opção for um hotel chamado Ápia, pense duas vezes: "É o pior hotel do mundo", assegura Marcelo Lourenço.

Veterano na romaria a Cannes - que premiou com ouro a campanha Mugshots, criada pela Fuel para a Amnistia -, Marcelo Lourenço é um poço de conselhos sobre a vida social do festival: o melhor lugar para comer, depois da roulotte de paninis em frente à praia, é o restaurante Pastis Café Comptoir; e o "melhor chocolate do mundo" compra-se na loja de doces Bruno - assim garante Carlos Righi, antigo presidente do Clube de Criação de São Paulo. Para quem está a preparar a mala um último conselho: leve as Havaianas. "Pensar comprá-las em Cannes é um erro crasso: tudo lá custa cinco vezes mais do que em qualquer lugar do planeta."

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