Travar o domínio dos gigantes: do Google à Amazon
Os gigantes da tecnologia dos EUA, a Apple, a Alphabet, a Microsoft, a Amazon e o Facebook são as cinco maiores empresas cotadas na bolsa de Wall Street. O aumento do seu domínio mundial não passa despercebido e está a dar azo a preocupações em torno de questões relacionadas com a privacidade e a concorrência.
As ações da Amazon e da Alphabet atingiram na semana passada o valor histórico de mil dólares (cerca de 890 euros) – um valor que muito poucas empresas alcançam, e que demonstra o poder, cada vez maior, das multinacionais tecnológicas norte-americanas.
A gigante do comércio eletrónico, Amazon, vai a caminho de arrecadar metade das vendas online dos EUA até 2021, avança um especialista citado pela BBC. Já o Google, detido pela Alphabet, espera aumentar a venda de publicidade online em mais de 40%.
De acordo com a análise da BBC, os investidores apostam nestas empresas, mas há cada vez mais vozes preocupadas com a utilização dos dados dos utilizadores. Começam a surgir sinais de que estas empresas estão na mira de políticos e reguladores.
O exemplo Europeu
Em 2013, a Comissão Europeia (CE) multou a Microsoft por dar tratamento preferencial ao seu próprio navegador, o Internet Explorer e, ainda este ano, multou o Facebook por fornecer informações "incorretas ou enganosas" durante a aquisição do serviço de mensagens WhatsApp.
Poderiam os Estados Unidos adotar uma abordagem mais parecida à dos reguladores europeus? No mês passado, depois de Bruxelas investigar a Amazon no mercado dos ebooks, a empresa de e-commerce comprometeu-se a dissipar os temores sobre um eventual abuso de posição na comercialização de livros eletrónicos.
Para além disso, a CE iniciou uma investigação à Alphabet sobre o alegado tratamento preferencial que dá aos seus próprios serviços de compras nos resultados de pesquisa. Estas decisões de Bruxelas são vistas como mais uma posição de força sobre os gigantes tecnológicos norte-americanos.
Segundo o advogado Jonathan Kanter, especializado em direito da concorrência, os reguladores dos EUA estão muito atrasados face à Europa quando se trata de regulamentar, prevenir e garantir o respeito do princípio da liberdade do comércio e da indústria. No entanto, sugere Jonathan Kanter, as atitudes podem estar a mudar.
O poder de invadir a privacidade dos utilizadore
John Kwoka, professor de Economia da Northeastern University em Boston, acredita que dificultar as fusões e as aquisições não será necessariamente suficiente para combater o poder destes gigantes.
Há ainda outra particularidade que traz vantagem às multinacionais tecnológicas: a capacidade de guardar os dados dos utilizadores. É desta forma, diz o professor, que as empresas controlam o fluxo de informações e o acesso do consumidor às suas empresas.
Lina Khan, colaboradora do think tank New America, publicou um artigo sobre a Amazon, no início deste ano, e dá exemplos de empresas de tecnologia que contornam as regras da concorrência, evidenciando a batalha entre a Amazon e a Diapers.com (revendedora de produtos para bebés). Neste caso, a Amazon baixou os preços dos produtos da empresa, desvalorizando-a em bolsa e acabando por adquiri-la
Serão estes gigantes assim tão omnipresentes? No setor de tecnologia, os consumidores também são livres de se dirigirem a novas empresas. Ronald Josey, analista da JMP Securities sublinha que “este é um mercado competitivo". Os gigantes tecnológicos chineses como o Baidu, Alibaba e o Tencent estão a resistir à hegemonia dos EUA, lançando-se no mercado como players da mesma dimensão, escreve a BBC.