The New York Times: "Segundo resgate a Espanha é inevitável"

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Apenas duas semanas depois de Mariano Rajoy ter prometido que não haveria um resgate à banca, Espanha juntou-se à lista de países resgatados. Ainda que o resgate espanhol seja diferente dos de Portugal, Irlanda e Grécia, para o The New York Times a diferença não irá ser longa já que Espanha terá de pedir um segundo resgate, desta vez, geral.

O jornal questiona se se poderia ter evitado esta catástrofe mas a conclusão é não. No editorial "Agora, Espanha" o jornal tece considerações acerca da situação do país e tenta adivinhar o futuro da economia espanhola através de um novo resgate.

Segundo o editorial do jornal norte-americano, um dia depois de Espanha pedir uma ajuda de 100 mil milhões destinada à banca, os juros voltaram a pressionar e os prémios de risco voltaram a subir, após um curto alívio.

Para o diário os mercados tendem a acalmar depois de pedidos desta natureza, pela maior estabilidade que a liquidez de um país confere, mas sublinha que isto não estará a acontecer com Espanha. Tal como Mario Monti já referiu, "há um permanente risco de contágio". O jornal lembra ainda que os mercados entendem cada vez melhor o que os políticos tendem a querer esquecer: que os resgates em série, os planos sistémicos de austeridade e pactos fiscais não são uma solução.

O jornal refere que a situação está difícil na Europa e lembra que uma nova calamidade pode estar prestes a rebentar: no próximo domingo os gregos voltam às urnas para eleger um novo Governo. "Uma saída desordenada do euro - é difícil de imaginar uma ordernada, refere o NYT - pode fazer balançar todo o sistema bancário da zona euro. Alguns analistas alertam mesmo para a possibilidade de um novo colapso bancário financeiro, semelhante ao do Lehman Brothers.

Assim, o jornal questiona a eficiência dos 100 mil milhões para a banca Espanhola e vaticina um novo pedido de resgate. "Espanha necessitava urgentemente do resgate, e certamente, o Governo tenha conseguido a melhor fórmula possível, já que permite ao Governo aplicar o dinheiro no único propósito de recapitalizar os bancos e evitar os exigentes compromissos de austeridade impostos na Grécia, Irlanda e Portugal", escreve.

Ainda assim, refere que "Espanha não está fora de perigo" e que "a ajuda traduzir-se-á num aumento da dívida pública, o que complicará enormemente a tarefa do Governo para reparar a dívida actual ao mesmo tempo que corta nos serviços básicos. Isto pode desencadear uma segunda intervenção, desta vez no país, algo que é, provavelmente inevitável", concluem.

De qualquer das formas, e se não servir para equilibrar as contas dos bancos espanhóis, esta linha de crédito servirá para "antecipar uma reconsideração da postura mantida pela Alemanha e outros países europeus", que poderão "reconhecer que a contenção das despesas públicas e a austeridade foram um fracasso", escreve o jornal.

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