União Africana
Temos muito apreço por organizações internacionais, mas são mais as vezes que nos desiludimos do que as que reconhecemos alguma eficácia ao lidar com dossiês críticos de segurança. É verdade que organizações compostas por democracias tendem a lidar com problemas menos graves do que guerras civis ou crises humanitárias, o que lhes facilita a vida. O problema está na incongruência que legitima organizações como a Liga Árabe ou a União Africana, composta por ditadores mumificados e uma narrativa que liga uma missão à conduta dos seus líderes. Vejamos o caso da União Africana, incapaz de agir na Costa do Marfim. Como lidará com as 19 eleições que o continente africano terá nos próximos 18 meses?
O cardápio da missão é conhecido: integração regional, promoção da segurança, direitos humanos, democracia, participação popular. Saudemos, pois, as boas intenções. E quem tem presidido à UA? Dois exemplos didácticos: o coronel Kadhafi e Teodoro Obiang, Presidente da Guiné Equatorial. Digam-me como se espera promover um esboço de democratização africana? Ou ter credibilidade para fazer cumprir resultados eleitorais legítimos? Ou estancar uma crise humanitária? Ou agir militarmente para proteger civis? Obviamente não se pode esperar nada destas organizações. Elas simplesmente pintam uma solução multilateral para casos onde os seus líderes são os verdadeiros problemas. E, depois da habitual fotografia de família, ainda reforçam a sua legitimidade no exterior. Nem todo o multilateralismo é benigno.