Soberania
1.Cada empresa devia apoiar uma escola, cada escola devia ser apoiada por uma empresa. A ideia é de Jorge Sampaio e surgiu no jantar-debate promovido pelo DN, TSF e Fundação Ori- ente. Não é uma novidade em países como os EUA, em que as escolas públicas e privadas contam com contributos empresariais significativos, mas é uma prática pouco comum em Portugal. Num tempo em que é unânime o reconhecimento da educação como motor do de-senvolvimento, importa que as empresas se empenhem em boas ligações às escolas. José Roquete, empresário, lembrou que o crescimento sustentado só é possível pelo empenhamento das empresas. Daí que, se a qualificação dos portugueses é o cerne do crescimento da economia, seja preciso unir esforços para recuperar o tempo perdido. Qual- quer que seja o peso do Estado nesta tarefa, vale a pena seguir a sugestão de Adriano Moreira, que a este propósito considerou a educação como área de soberania. "As despesas com a educação deveriam ser consideradas despesas de soberania", diz o professor. E a afirmação e a defesa dos interesses de um país inserido num mundo global passa cada vez mais pela capacidade de tirarmos partido do conhecimento. Os computadores e os choques tecnológicos ajudam, mas são insuficientes para criar competências. Adriano Moreira tem razão. A educação é uma questão de soberania e devia ser tratada em conformidade. Até porque corremos o risco de ficarmos ainda mais afastados das redes de conhecimento e inovação em que se movem alguns dos nossos parceiros. A Europa revela dificuldades de adaptação ao mundo global, mas há países europeus que já descolaram. Se Portugal ficar de fora da rede corre o risco do isolamento e da pobreza. Não será isto suficiente para unir esforços?
2.Outra pergunta: que foi fazer Frei- tas do Amaral aos EUA? Saber se a comunidade portuguesa estava a ser discriminada? Pelos vistos não. Afinal, não há excesso de zelo, não há ilegalidades nem desumanidades. E, como se previa, as deportações vão continuar. Será que era preciso ir ao Canadá com o estardalhaço que se conhece? Será que abona a favor de Portugal que o Canadá afirme que só recebe Freitas por cortesia? Não abona. O ministro dos Negócios Estrangeiros apenas pôs a nu a fraqueza da sua diplomacia. Não sabia já que havia emigrantes mal aconselhados, que as deportações estavam decididas há muito? Que a comunicação social o não saiba não serve de álibi ao ministro. Era pressuposto que Freitas do Amaral estivesse mais bem informado. Ou não? O vexame canadiano era desnecessário.