Regresso às aulas
Com o início do período escolar, é a altura de mudar os hábitos e de dizer «adeus» a alguns excessos consentidos durante as férias. Se no período estival os horários eram flexíveis, com a entrada na escola há que adoptar regras para um bom descanso e um melhor desempenho escolar. Dormir pelo oito horas é o tempo mínimo para no outro dia acordar bem-disposto e apto para apreender informação. Isto não significa, porém, que as crianças não possam e devam dormir mais horas: «Os pais têm de estar atentos às necessidades dos filhos e organizar o horário da família», diz a pediatra Leonor Sassetti.
A gestão do tempo livre é, agora, mais apertada. Há tarefas obrigatórias, como estudar e realizar os trabalhos de casa. Mas a brincadeira não pode ser esquecida durante a infância. Muito embora alguns pais inscrevam as crianças em actividades extracurriculares, a pediatra refere que o espaço de recreio é importante para o desenvolvimento dos mais pequenos: «As actividades extracurriculares servem para colmatar alguma falha no currículo escolar ou permitir que a criança desenvolva uma aptidão particular, mas devem ser sempre do agrado da criança e deixar-lhe algum tempo livre.»
Almoço no refeitório?
O regresso às aulas implica, obrigatoriamente, fazer alguma refeição fora de casa. Em ambiente escolar, existem as cantinas que satisfazem esta necessidade fundamental ao bom desempenho da criança: «Uma das funções da alimentação é fornecer energia. Por isso, deve ter em conta o padrão de actividade física e intelectual de cada criança.»
Mas a primeira refeição faz-se antes de sair de casa: «Todas as crianças devem tomar o pequeno-almoço e fazer uma refeição intercalar a meio da manhã.» Leonor Sassetti acrescenta que «o rendimento escolar está dependente de uma boa alimentação. Quando uma criança está com fome, tem dificuldades em concentrar-se e em memorizar a matéria. Daí a importância do pequeno-almoço e das refeições a meio da manhã e da tarde.»
Existem, ainda, outras consequências de uma má alimentação. A mais conhecida e que regista uma tendência de crescimento na população infantil é a obesidade. Assim, a pediatra recomenda a realização de «cinco a seis refeições por dia, que incluam alimentos de todos os grupos, nas proporções conhecidas. Em dias de festa ou ocasiões especiais pode ser aberta uma excepção às guloseimas e às comidas calóricas. No dia-a-dia, a regra deve ser a ingestão de legumes e de fruta duas a três vezes por dia».
Os efeitos da alimentação não se reflectem apenas no excesso de peso ou na falta de concentração: «O consumo regular de alimentos açucarados pode provocar cáries dentárias. Deve, por isso, evitar-se os doces e lavar os dentes após as refeições com uma pasta fluoretada.» Para manter dentes brancos e saudáveis, a pediatra aconselha «a visita regular a um dentista ou higienista oral».
Lêndeas e piolhos
Nos espaços de jogo e recreio de todas as escolas a cena é sempre a mesma: grupos de crianças em conversas animadas, correrias, brincadeiras. No que elas não pensam é que devido à proximidade e ao contacto com os amiguinhos correm o risco apanhar piolhos. Basta que uma criança com piolhos encoste a cabeça à dos colegas para que aqueles se propaguem.
É preciso estar atento às cabeças que, vá lá saber-se porquê, dão mais comichão e apertar a vigilância em tempo de aulas: «Logo que se suspeite de pediculose [infestação por piolhos], deve iniciar-se o tratamento e avisar a escola», sugere Álvaro Birne, pediatra. O especialista refere que «este deveria ser um procedimento obrigatório» aquando do regresso às aulas. Contrariamente ao que se julga, os piolhos não saltam de cabeça em cabeça: «A disseminação efectua-se por contacto directo com o cabelo infestado», resume o pediatra.
Este problema, apesar de ser uma «dor de cabeça» para os pais, não provoca problemas graves na criança: «Os sintomas de pediculose são apenas um desconforto e mal-estar, associados à comichão intensa, e o diagnóstico é relativamente fácil», indica Álvaro Birne. Para detectar os «incómodos» piolhos e as lêndeas, «basta apenas ter um pente próprio e ao escovar o cabelo tem-se a confirmação», informa o pediatra.
Mas o que fazer para exterminar os piolhos? «Os champôs e loções, usados entre três e 15 dias, apresentam-se como a solução para tratar o problema. Estes produtos, uns mais eficazes do que outros, regra geral matam os piolhos e as lêndeas.» Segundo o especialista, há que ter em atenção que a eficácia do tratamento depende de factores externos, nomeadamente um novo contacto com uma cabeça «revestida» de piolhos. «De nada adianta fazer o tratamento a metade da escola, se a outra metade não o realizar. Na maior parte das vezes, o insucesso do tratamento está relacionado com a reinfestação.»
Peso na mochila
Regresso às aulas é ainda sinónimo de mochila às costas. E aqui começam, muitas vezes, os problemas na coluna: «As crianças que usam o trolley, em vez de mochila às costas, ainda são olhadas de lado.» Por uma questão de estatuto social, alguns miúdos continuam a carregar as volumosas mochilas só de um lado, em vez de distribuírem o peso total pelos dois lados. «As crianças transportam mochilas muito pesadas. Esta situação, associada à posição da mochila, pode provocar um desvio na coluna», esclarece Álvaro Birne.
A solução pode passar pela utilização do conhecido trolley. Este saco, para além de possuir rodas, liberta as crianças da excessiva carga às costas. Contudo, para o pediatra «o ideal seria deixar os livros e os cadernos nos cacifos da escola» e transportar, apenas, «o material necessário para o estudo em casa».
A somar ao peso da mochila, há, ainda, a postura do aluno na escola. Duas situações que agravam os problemas na coluna: «Os problemas que resultam da postura na sala de aula devem-se fundamentalmente ao desajustamento entre a altura das cadeiras e a estatura da criança.»
Pais atentos e interventivos serão bem-vindos a todas as escolas.