Produtividade

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Tudo parece indicar que 2005 foi mais um ano perdido em termos de produtividade para a economia nacional. Eu digo parece porque as estatísticas que conduzem a conclusões provisórias nesta matéria não são de fiar no nosso país. A prova disso foi feita anos a fio com os custos unitários do trabalho das exportações e o seu crescimento relativo face aos valores praticados nos mercados-alvo. Esses valores não eram consistentes com o aparente ganho ou a aparente perda de quotas nesses mesmos mercados.

Feita esta prevenção, das duas, uma: ou no sector dos bens transaccionáveis, ou seja, na produção de bens sujeitos à concorrência nos mercados internacionais, os ganhos reais de produtividade são maiores do que as estatísticas indicam, ou então as empresas exportadoras para poderem continuar a ser competitivas nos preços finais, mesmo quando têm de suportar custos internos superiores aos dos concorrentes, acabam por reduzir as suas margens de lucro. Para esclarecer isto muito útil seria o INE fornecer publicamente dados mais detalhados sobre a matéria. No caso de estar a verificar-se a segunda hipótese torna-se evidente que esta é uma estratégia insustentável a prazo.

A raiz da questão está no facto de continuar a haver muito pouca inovação técnica e de processos, bem como escassa melhoria na formação técnica e de gestão dos recursos humanos. E não são 10, 20 ou mesmo 100 novos projectos industriais de forte criação de valor que têm, só por si, força para fazer crescer o nível da produtividade nacional que estabilizou nos últimos anos nos dois terços da média europeia. A criação de emprego tem de procurar criar mais valor acrescentado per capita no sector exposto à concorrência e não abrir postos de trabalho sem reforço da sua capacidade produtiva. Sem esta conjugação de factores não teremos nem mais e melhor emprego nem mais alta produtividade. C

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