Negociação

Ao longo da vida passamos por várias situações, em casa, no trabalho ou na comunidade, em que há um envolvimento natural entre as crianças (quando se troca cromos ou brinquedos, por exemplo), ou com os pais, irmãos, superiores hierárquicos, amigos, cônjuges, ou com os filhos, em que é necessário negociar.
Publicado a
Atualizado a




 A maior parte das grandes discussões, conflitos e divergências nas famílias têm que ver com a regulação das questões do quotidiano: gestão do espaço, horários, saídas, arrumações, amigos, estudos, despesas, vestuário e gestão do poder (quem manda e quem obedece) e podem ser ultrapassados pelo diálogo e pela negociação. Muitas vezes existe uma conflitualidade escondida onde aparentemente nada se passa porque os seus membros não são capazes de a enfrentar. Há tendência para se evitar tratar de certos problemas porque é desconfortável. O receio de envolvimento no conflito, o sentimento de impotência em relação à situação, fazem que não se lhe dê a importância devida e se acredite que não evoluirá, na convicção de que «o tempo resolve tudo». Quando o ambiente de tensão já se tornou tão forte que não pode ser ignorado recorre-se à discussão informal com o fim de se apurar as diferenças - o que não é uma solução.  
A negociação resulta no intercâmbio de propostas garantidas, de forma que, quando todas as partes (por exemplo pais e filhos) a terminam, estão conscientes de que foram ouvidas e tiveram oportunidade de apresentar a sua argumentação e que o resultado final é maior do que as contribuições individuais. Reforçam-se as individualidades e as interdependências aumentam.
Os conflitos e os desacordos podem existir em qualquer tipo de relacionamento. Em geral, pensa-se que são negativos e devem ser evitados. É mais útil considerar que são positivos, evitam a inércia e estimulam o interesse e a curiosidade. São formas de compreender simultaneamente os ideais, as semelhanças e interesses comuns, minimizando as diferenças e estimulando a convergência de crenças e valores. Criam a oportunidade de falar dos problemas, de discutir questões, permitem perceber melhor os valores e motivar a participação dos indivíduos (filhos, pais), dos grupos (família), das organizações, e promovem a criação de soluções e conclusões inovadoras gerando mudanças tanto a nível pessoal como social.
As relações entre as pessoas são dinâmicas, estão em constante mudança. Como tal, os acordos que se estabelecem têm de ser renegociados quando novos membros decidem participar ou quando as circunstâncias, os motivos, os problemas ou a idade dos filhos se modificam. O compromisso negociado respeita e ordena a complexidade das várias posições. A negociação é um processo dinâmico que visa um acordo mutuamente aceite para resolver as diferenças, em que cada um obtém o grau possível de satisfação.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt