Mistério

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A ameaça de demissão por parte do Presidente da República de Timor-Leste, Xanana Gusmão, arrisca lançar o país de novo numa sangrenta luta fratricida. As mais desencontradas alegações de malfeitorias imputadas ao chefe do Governo, Mari Alkatiri, tinham já conduzido ao apelo conjunto dos presidentes da República, do Parlamento e do primeiro-ministro à constituição de uma comissão internacional para apurar responsabilidades na crescente crise político-militar, que deitou por terra boa parte do aparelho de Estado timorense.

Em vez de esperar pelos resultados dessa comissão, surge agora um ultimato baseado em novas alegações de violação da lei, de compra de votos no recente congresso do partido do Governo, de corrupção no Executivo e de abusos generalizados, e não especificados, contra o povo por parte do Executivo, com o qual Xanana se recusa a continuar a trabalhar.

Tudo isto é tanto mais surpreendente quanto a 3 e 4 de Abril - há escassos dois meses! - decorreu em Díli a apresentação do plano governamental de desenvolvimento a dez anos sob o lema "O combate à pobreza como causa nacional". Toda a comunidade de doadores presente, e em particular o Banco Mundial, avalizou a estratégia de crescimento forte ( 8% real, ao ano), baseada em mais de 400 projectos de investimento nas infra-estruturas e nos sectores sociais. Os países presentes elogiaram os progressos alcançados desde 2002 nas áreas da saúde, educação, acesso a água canalizada e electricidade; destacaram a criação do gabinete do Provedor dos Direitos Humanos, na luta contra a corrupção; do Fundo Petrolífero, aprovado por unanimidade no Parlamento Nacional, com o voto de todos os partidos e ainda do Estatuto dos Combatentes da Libertação Nacional. A 10 de Abril último, Paul Wolfowitz, o insuspeito presidente do Banco Mundial, disse que Timor-Leste era um exemplo de boa governação.

Tudo isto foi um sonho? Tudo isto era mentira? C

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