Maria de Lurdes Rodrigues

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Estão a ver aquele "arco vermelho" de arrabaldes que cerca Paris? O que se alumia, cada vez mais de vez em quando, com carros incendiados? Pois é lá que se passa. E no centro da revolução: nos liceus técnicos, de miúdos pobres e quase todos filhos de imigrados. A experiência começou ontem. O ministro da Educação Luc Chatel (do UMP, de direita) resumiu-a: "Temos de tentar tudo." Frase de derrota ou de esperança. A ver vamos. Então, a seis turmas - de três liceus, juntando 150 alunos - dá-se, a cada uma, dois mil euros como se fosse um "monte" inicial num jogo de póquer. Os alunos, com os professores, decidem um projecto para o fim do ano: uma viagem, a carta de condução para todos, material informático… O ano tem quatro períodos e, no fim de cada um, aumenta-se a parada: mais dois mil euros. Com uma obrigação, de responsabilidade colectiva: terão esse acrescento, ou não, conforme forem assíduos e bem comportados. No fim do ano, podem, pois, ganhar o jackpot: dez mil euros. Ou não. Este sucessivo sim ou não é o melhor da experiência: aprender que nada é gratuito é importante e aprendê-lo em grupo também é bom. O perigoso da experiência é introduzir o vil metal na escola. Mas vil metal é frase e miúdos é gente. Sempre apostei mais nas pessoas do que nas frases feitas.

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