John Kerry

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A primeira leitura sobre a nomeação de John Kerry como secretário de Estado diz respeito à força do Senado na política externa. Não é só como aprovador ou travão de nomeações, como se viu com Susan Rice, mas pela posição determinante que tem na formulação e decisão da política externa dos EUA: na ajuda financeira (Paquistão e Egito, para não ir mais longe), na assinatura e rejeição de tratados, na monitorização de assuntos quentes com audições a especialistas (académicos e membros de think tanks), ou na subida à agenda da Casa Branca de temas atirados para as calendas (casos, no início dos anos 90, da Bósnia e alargamento da NATO). Os presidentes do seu Comité para as Relações Externas são políticos experientes, com projeção mediática e dos que têm a network interna e externa mais bem montada. Exemplos? James Buchanan, Henry Clay, Cabot Lodge, William Fulbright, Joe Biden e, agora, John Kerry. A segunda leitura pode ser feita pelo silêncio de Kerry depois de ouvir o Presidente anunciar a nomeação. É estranho para quem cultiva uma opinião pública tão assertiva, muitas vezes em colisão com esta administração. Por isso, uma das questões em aberto será o grau de autonomia de Kerry perante pesos-pesados da Casa Branca, como Biden e Donilon. Porque serão sobretudo quatro os grandes temas pela frente. A preparação da retirada do Afeganistão - Kerry tem sido ativo na importância do Paquistão nessa frente -; a relação com o Irão - Kerry defende mais diplomacia bilateral para, também, poder lidar através de Teerão com a Síria, o Hamas e os talibãs -; fortalecer as alianças na Ásia e, não menos importante, gerir o orçamento do Foggy Bottom que agrade a um Congresso que tão bem conhece, sem prejudicar o legado internacional desejado por esta administração. Se há coisa em que Obama não arrisca é nas principais nomeações.

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