James Dean
Bom dia.
Cada um tem a sua mania e a minha é de ainda vir a ser dono de um Porsche. Não um qualquer, o modelo que gostaria de ter estacionado à porta de casa era aquele a que deram o nome de Boxster. Por isso, quando vejo algum artigo sobre uma dessas máquinas, não consigo evitar que o olhar demore longos segundos a apreciar.
Num destes últimos fins-de-semana, impresso numa revista, estava um artigo que começava assim «A morte deve ser muito boa, porque ninguém voltou dela.» Uma frase lapidar que surgia na página a seguir à única ilustração do artigo - a reprodução de um anúncio daquela marca de automóveis - em que se via o Boxster, uma bonita paisagem ao entardecer e uma campa num cemitério...
Estranho? Bastante, mesmo para mim, que gosto de fins de tarde, Porsches e frases de efeito. Olhei o anúncio com mais atenção e vi que na lápide estava inscrito «James Dean, 1931-1955» e que a laje que cobria a campa estava meio aberta. Ou seja, insinuava-se que o falecido actor - que morrera enquanto testava o seu novo PorscheSpyder a 170 km/h - não resistira ao novo modelo, que surgiu recentemente no mercado, e viera até ao mundo dos vivos dar uma voltinha.
Não sei porquê, lembrei-me desta publicidade enquanto ontem observava o resultado de um aparatoso choque entre um carro e um camião-betoneira, a poucos metros do meu bairro - o Arco do Cego. A polícia teve de desviar o trânsito e, durante bastante tempo, ninguém passou. Dentro do carro, a condutora e o filho mantinham-se à espera de solução que lhes permitisse abandonar o carro, pois ficaram entalados.
Se aquilo fosse um anúncio, nada os prenderia no interior do carro. Mas como a vida é real...