Guiné-Bissau

Francisco George

Guiné-Bissau

Muitos portugueses que estiveram na Guiné-Bissau, antes da independência, gostariam de lá voltar na perspetiva de recordarem os tempos da juventude aí passados. Quase todos como soldados. Muito provavelmente, o interesse em regressar às matas guineenses acontece com mais frequência quando comparado com circunstâncias análogas de outras antigas colónias de África. Assim sendo, como justificar este desejo em remexer a memória por quem ali tanto sofreu a combater os guerrilheiros do PAIGC?

Margarita Correia

A Guiné-Bissau e a luta pelo futuro

Em setembro, a Guiné-Bissau comemora duplamente a sua independência: a 24 de setembro de 1973, o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) declarou unilateralmente a independência; em 10 de setembro de 1974, Portugal reconheceu-a. Estas efemérides passaram quase despercebidas entre nós. Em contrapartida, são frequentes as notícias sobre a pobreza e a instabilidade política, que se alimentam reciprocamente. Estima-se que a pobreza, agravada pela pandemia de covid-19, atinja mais de 65% da população. Já o analfabetismo afeta mais de 40%, de acordo com estimativas de 2015. O trabalho infantil é próspero e, em 2011, a taxa de escolarização estava estimada em 55,3%. Uma pesquisa no Google por páginas com o domínio .gw (o código ISO do país) devolve apenas 61 200 resultados, maioritariamente de instâncias oficiais, o que constitui (mais um) fator indicativo do escasso desenvolvimento do país. As perspetivas de futuro dos jovens guineenses são, portanto, baixíssimas e as próprias perspetivas do país como estado independente não são esperançosas.