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Em 2001 o foco estava na criação, em 2003 no consumidor, desta vez vai deter-se no que está no meio, ou seja, na produção. "O meio é a matéria" é o lema da edição deste ano da Experimenta Design - Bienal de Lisboa, ontem apresentada à imprensa e que se realiza entre 14 de Setembro e 30 de Outubro.

A Experimenta vai já na quarta edição (começou em 99, uma espécie de "ano zero") e desde a última que se auto-intitula Bienal de Lisboa, o que, como explica o director-geral Mário Carneiro, lhe dá uma responsabilidade maior "Assumimos o desafio de colocar Lisboa e, por consequência, Portugal, na rota dos eventos mundiais de design." E conseguiram. A Experimenta começou por ter perto de 30 mil visitantes, número que subiu para 84 mil em 2001 e que chegou aos 133 mil na última edição, para a qual estiveram acreditados 376 jornalistas, 128 dos quais estrangeiros. "A Experimenta serve a marca Portugal, contribuindo para divulgar a imagem do nosso país", diz Mário Carneiro. Isto sem falar do impacto na economia, na indústria, na educação. Mas a isto não corresponde um aumento dos meios. A edição deste ano tem um orçamento de quase 1,824 milhões de euros, menos 800 mil euros do que em 2003. As entidades públicas garantem 50 por cento deste orçamento, sendo a maior fatia assegurada pela Câmara de Lisboa (670 mil euros) e pelo Ministério da Cultura (200 mil euros). O restante vem dos patrocinadores privados e da rede de colaboradores e co-produtores.

Entre outras coisas, falta o dinheiro do POC (Plano Orçamental da Cultura), entretanto fechado para a região de Lisboa e Vale do Tejo, que significava um apoio de 400 mil euros. Na prática, além da redução para metade da equipa de trabalho da Experimenta, esta diminuição do orçamento implicou o desaparecimento da Voyager (que está a ser remodelada para voltar em 2007) e o cancelamento da divulgação internacional. "Investimos todo o orçamento na programação", explica Guta Moura Guedes, fundadora da Experimenta e membro da direcção artística e curatorial.

"Desenvolvemos esta Bienal com espírito de missão e de serviço público", diz Mário Carneiro, sublinhando o facto de a maioria dos eventos ser gratuita ou com bilhetes muito baratos. "Cabe agora às entidades públicas avaliar a importância da Experimenta." O futuro da Bienal não está em risco, mas sem um apoio sustentado ela poderá ter que ser repensada - nos seus objectivos e nas políticas "democráticas" seguidas até aqui. "Só faz sentido a Bienal continuar a existir assim se for do interesse da estratégia que se desenha para o país, independentemente do partido que está no governo", esclarece Guta Moura Guedes.

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