Desemprego

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O desemprego a nível nacional caiu dos 17,7% para os 16,4%, mas a média prevista para 2013 pelo Ministério das Finanças mantém-se em 18,2%, o que significa que Portugal deverá continuar o terceiro país da União Europeia mais afetado pelo flagelo, ainda que bem abaixo da Grécia e da Espanha. Há, porém, concelhos onde a taxa de desemprego atinge valores à espanhola, como é o caso de Resende e de Cinfães, ambos acima dos 28%. Lamego, Moura e Baião ultrapassam a fasquia dos 25% e Mesão Frio, Tabuaço, Espinho, Barrancos e Vila Nova de Gaia a dos 20%. Ora valores destes revelam uma situação de crise que é mais profunda do que a atual, mesmo que a quebra na construção tenha vindo a somar-se às transformações na agricultura que a tornam menos dependente de mão de obra.

Assim, são o Douro e o Alentejo que se apresentam com os principais pontos negros do desemprego nacional. É interessante notar as explicações do pároco de Resende: "É uma terra que sofre com a interioridade, não tem grandes empresas, o principal empregador, a câmara, está a reduzir efetivos no âmbito do plano de ajustamento, o comércio tem fechado portas, a agricultura é difícil nesta geografia, a crise da construção também nos afeta".

Ora aí estão sintetizados os males há muito diagnosticados para explicar um país a duas velocidades. Uma interioridade que não atrai investimentos e uma dependência das autarquias para criar postos de trabalho, a que se somam as já referidas quebras na empregabilidade agrícola (com inversões sazonais) e na construção civil.

Portugal viu o PIB crescer 1,1% no segundo trimestre, mas deverá registar mesmo assim uma recessão em 2013. Se a recuperação chegar em 2014, tardará a reduzir o desemprego a nível nacional, mas para boa parte do País as melhorias demorarão ainda mais. A quem governa exige--se uma estratégia que ponha o País a uma só velocidade.

Luta de poder na China

O julgamento de Bo Xilai está a ser considerado como o caso judicial mais importante a envolver uma figura da liderança do Partido Comunista Chinês (PCC), desde há bastantetempo. Antes do 18.º Congresso, em novembro de 2012, o nome de Bo Xilai chegou a ser dado como possível para a comissão permanente do comité central do PCC. Alguns meses antes daquela reunião, Bo Xilai é apanhado numa teia de acontecimentos que vão ditar a sua queda em desgraça. Em causa abuso de poder e acusações de corrupção. O primeiro caso é real; o segundo depende de como se interpreta a prática dos presentes na cultura chinesa.

Representante de uma corrente que se pode classificar como neomaoísta e típica representante dos "príncipes vermelhos" (filhos da primeira e da segunda geração de líderes do PCC), o que sucede com Bo Xilai reveste-se ainda de uma outra dimensão: a luta pelo poder. Um regime autoritário não é monolítico e não exclui a existência de fações, grupos de interesses conflituosos, diferentes projetos para a sociedade. Crítico das "características chinesas" de reforma da economia, o desenlace do julgamento de Bo Xilai pode revelar indícios importantes sobre a direção a seguir pelo regime comunista no plano interno.

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