Armas
Na China, o Presidente da República disse aos jornalistas que o respeito pelos direitos humanos naquele país implica um longo processo civilizacional, não se conseguindo «de cotovelo e à canelada». De facto, nesta matéria a diplomacia discreta costuma obter melhores resultados do que gestos espectaculares. Mas já se percebe menos ter o Presidente a advogar o levantamento do embargo da União Europeia à venda de armas à China.
O embargo surgiu há quinze anos, na sequência do massacre na Praça Tiananmen, em Pequim. Muitos dos que ali não morreram então e foram presos continuam na prisão. Na China vigora uma ditadura que não recua perante a violação de elementares direitos humanos, violação que os europeus condenam. O partido comunista (?) chinês permite a economia de mercado mas não tolera a liberdade democrática, pois tem o monopólio do poder político. Nem liberdade religiosa os padres católicos só podem rezar missa clandestinamente, arriscando penas severas se forem apanhados. O acesso dos chineses à Internet é controlado pelas autoridades. Porquê, então, dar um prémio à China por algo que ela ainda não fez? É o inverso da atitude da UE quanto à Turquia.
Além disso, a China, grande potência militar, possui centenas de mísseis apontados a Taiwan, que Pequim considera território seu. A forte oposição americana a um ataque chinês a Taiwan tem travado os falcões de Pequim - mas nada garante que um episódio armado não aconteça. Nesse caso, os EUA teriam de intervir, talvez mesmo militarmente, contra armas fornecidas à China pela UE... Seria o fim da NATO. Compreende-se que o embargo desagrade a alguns europeus. A China é hoje o principal parceiro comercial da UE. Países como a França anseiam por vender armamento a Pequim. Mas os interesses comerciais não justificam tudo.