Alterações climáticas
O mundo, como tenho dito algumas vezes, vai mal. E o planeta Terra também. No ano passado fiz a leitura de um livro de Stephen Emmott, professor de Cambridge, em que se ocupou da emergência planetária, sem precedentes, que nós próprios criámos, como ele escreveu. Desde então, tenho-me preocupado cada vez mais com as alterações climáticas. Tudo pode vir a modificar-se, dado que o sistema climático está a variar de tal modo que o nosso planeta poderá não subsistir.
De acordo com a Global Analysis (2014), o ano anterior foi, desde que se iniciaram os registos em 1880, dos mais quentes nas superfícies dos continentes e dos oceanos. Este fenómeno tem impacto nos padrões do vento, que mudaram, e na superfície do Pacífico, que aqueceu, sendo uma das principais consequências do aumento do nível do mar e que inevitavelmente traz más notícias para as zonas costeiras e ilhas.
Relembro março deste ano com consequências trágicas de chuva intensa no Norte chileno, habitualmente árido, a que se contrapôs uma situação de seca e enormes incêndios florestais no Sul.
Cientistas britânicos divulgaram um estudo em que se refere que o degelo da Antártida provocado pelo aquecimento global está a acontecer de modo mais rápido em profundidade do que na superfície. Mais um fenómeno que contribui diretamente para a subida do nível das águas do mar.
Os mesmos cientistas britânicos chamam a atenção para a gravidade da situação não só para as zonas costeiras em risco, mas também para a eventualidade de uma catástrofe global que inclua grandes cidades, que serão fustigadas por mais e maiores tempestades.
É urgente que as coisas mudem. Quanto mais rapidamente melhor.
A revista Visão de 14 de maio último tem um título interessante: "Até quando vamos ter praias destas?" E mostra como está a mudar o nosso litoral, com a areia a desaparecer, citando a dança das areias em praias como a Figueira da Foz e a Caparica, além de muitas outras, ao longo de toda a nossa costa.
Temos de salvar as nossas praias, as nossas pequenas ilhas e alguns dos nossos rios. O turismo, que tanto nos tem valido, não pode passar sem as praias e sem as pequenas ilhas. E ainda com a Madeira e os Açores...
GRANDES DIFICULDADES
Em todos os sentidos. Nunca houve tantas pequenas guerras de tipo religioso. Mas não só. É certo que a ala radical dos islamitas, os jihadistas, tem causado grandes estragos e os israelitas também, desde que Netanyahu se tornou primeiro-ministro e um verdadeiro ditador, persistindo na obsessão contra a Palestina e o povo palestiniano. Recordo que o Papa Francisco recebeu no passado dia 16 de maio o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, a quem chamou "anjo da paz".
Os conflitos e as guerras no mundo, de acordo com o relatório publicado pelo Centro Interno de Monitorização de Deslocamentos Internos do CNR (Conselho Norueguês de Refugiados), foram responsáveis em 2014 pelo deslocação de 38 milhões de pessoas - um número de deslocados no mundo sem precedentes! O descontrolo dos conflitos armados, que é cada vez maior no Médio Oriente e em África, conduz para a Europa, em especial para Itália, a maior parte dos refugiados, muitos dos quais morrem antes de chegar ao seu destino.
Contudo, a Europa está a ter dificuldades em mudar. O Parlamento Europeu, presidido por Martin Schulz, um progressista alemão de grande qualidade, vai avançando muito bem, com a Europa, visto que tem um caminho claro, sabendo o que quer e para onde vai.
A senhora Merkel, que tanto mal fez a alguns países europeus, entre os quais Portugal, tornou-se, desde que os sociais-democratas se afirmaram na Alemanha, muito mais moderada.
Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, tem feito o que pode para dar dinheiro aos países que precisam, mas com especial cuidado.
Na Espanha, o PSOE dirigido por Pedro Sánchez, de quem o líder do nosso Partido Socialista, António Costa, é amigo, como eu, tornou-se o partido mais importante de todos, ultrapassando o partido Podemos. Graças a ele a Espanha vai bem. Apesar do que ainda se passa no País Basco e na Catalunha, onde os problemas continuam...
Rajoy está no fim e, como bom galego, é amigo de Portugal. Isso é indiscutível.
Num Portugal onde o governo de coligação continua a entender-se, embora com dificuldades, Paulo Portas disse no sábado passado que cada um dos partidos tem valores próprios e princípios diferentes. A coligação não é fácil...
A verdade é que o Presidente da República, que se bate sempre em defesa de Passos Coelho, raramente fala de Paulo Portas. Não sei porquê, mas é um facto.
O líder do PS, António Costa, a propósito da jantarada promovida pela coligação de direita, disse que a "coligação deu continuidade às políticas da troika, embora o Programa de Assistência Financeira a Portugal tenha terminado em maio de 2014". António Costa disse - e a meu ver bem - cito: "Este governo é pior do que a troika"...
É verdade. O que demonstra que neste governo, que tanto fala, ninguém se entende. Passos Coelho é um bom exemplo disso. Ferreira Leite, com a sua inteligência, referiu: "O xarope eliminou alguma tosse" e acrescentou: "mas a nossa doença não era só a tosse." Tem razão, os médicos que o digam, bem como os enfermeiros e os doentes!
Mota Amaral foi afastado das listas de candidatura à Assembleia da República pelos seus próprios correligionários, sem que tivessem tido com ele uma palavra sobre a decisão que tomaram. Mota Amaral, que tanto estimo, foi presidente do Governo Regional dos Açores, membro do Conselho de Estado, presidente da AR, presidente da delegação portuguesa junto do Conselho da Europa e um dos fundadores do PPD. Mota Amaral tem sido uma das vozes críticas da governação do atual governo e certamente por isso foi agora saneado. É assim que este governo trabalha.
Privatizar a TAP, sendo o que foi ao longo dos anos, não só para Portugal como para os demais Estados lusófonos, mas também além deles, é uma vergonha e uma falta de senso de um governo que manifestamente não sabe o que faz e o que quer. Quer dinheiro para gastar ou ficar com ele. Mais nada.
No dia 14 de maio, quinta-feira, houve à volta de José Sócrates a primeira página de uma revista e de um jornal e ainda o lançamento de um livro. Nenhuma destas coisas tem algo de especialmente interessante e não esclarece nada. É pura maledicência.
Em qualquer dos casos é alimentado por violação do segredo de justiça. O segredo de justiça que foi feito para proteger a honra das pessoas. Vê-se, assim, que afinal o segredo de justiça serve apenas para vender papel.
O juiz Carlos Alexandre não deve estar nada confortável com o que está a suceder, dado que é ele o principal responsável pela segurança do processo.
Boaventura Sousa Santos, uma grande figura da cultura portuguesa, mas não só, disse a propósito da justiça portuguesa: "Tem uma relação autoritária com o cidadão" e considerou que "o sistema vigente não valoriza a responsabilidade e a sensibilidade democrática dos magistrados."
Os canais generalistas das televisões continuam a ter nos horários nobres políticos do PSD convertidos em analistas, como são os casos de Marques Mendes na SIC, Marcelo Rebelo de Sousa na TVI e Morais Sarmento na RTP.
É verdade que na TV Cabo há alguns políticos isentos e outros, poucos, da oposição, mas não se pode comparar as audiências dos canais generalistas com as por cabo. O Presidente Cavaco Silva sabia o que fazia quando marcou as eleições para o mais tarde possível. Uma verdadeira vergonha, lesiva da liberdade de imprensa e da igualdade de oportunidades.