Street Food: a comida de rua também é moda
Quando começou a gravar o programa, Andy Bates não tinha qualquer experiência em frente à máquina de filmar. Por isso, começou a esquecer a lente e a falar para o operador de câmara, Chris.
"Falo para ele, com ele. Explico-lhe as receitas. Não há ali nenhuma câmara, o Chris é que lá está.", explica o chef britânico, confessando que, no início, não foi muito fácil começar a filmar o programa de televisão.
Andy começou a cozinhar graças à mãe. "A vê-la na cozinha, a rapar os tachos e as taças onde fazia os bolos." Depois, como qualquer adolescente britânico, começou por trabalhar em pubs e restaurantes, "a lavar loiça e a servir copos". Quando fez 30 anos, olhou à volta e constatou que todos os amigos tinham uma carreira bem sucedida. "Estavam todos muito bem na vida. Todos menos eu. Percebi que tinha que fazer alguma coisa por mim e lançar-me num negócio próprio.", recorda.
Decidiu começar a cozinhar com o exemplo da mãe e dos chefs com que se foi cruzando em "todos os trabalhos do mundo que já fiz." Num instante, o percurso foi delineado: precisava de apostar numa vertente que não fosse muito dispendiosa em termos de investimento e que lhe permitisse, além de cozinhar, estar com as pessoas. A comida de rua (street food) foi a resposta de que andava à procura. Criou a Eat My Pies, uma empresa de tartes caseiras que vende para grandes cadeias de supermercados.
"A comida de rua é uma boa forma de começar um negócio porque não tem muitos custos fixos. É preciso começar o negócio de forma simples, sem grandes custos e de uma base pouco complexa. Não é só um negócio de gastronomia, de cozinha, mas está muito relacionado com relações interpessoais. Há o cliente que compra que é também a pessoa que se relaciona com o prato que nós confeccionamos porque achamos que os ingredientes resultam juntos. Constroem-se relações, e isso é muito bom.", confessa ao Dinheiro Vivo, acrescentando que passa horas a conversar com os clientes.
A experiência de chef serviu de mote a um programa de televisão sobre receitas e gastronomia, feito pelo Food Network: nasceu o American Street Feasts.
"As tendências na gastronomia são cíclicas, tal como na moda. A comida é como a moda, feita de ciclos. Vai estar sempre a mudar, cada cinco ou seis anos.
Eu tento apostar nas comidas simples, faço tartes. Coisas que a minha mãe faria. Faço comida muito simples, e falo com as pessoas durante muito tempo.", acrescenta.
O chef inglês esteve em Lisboa a apresentar o programa emitido pelo Food Network, que tem estreia marcada para 7 de dezembro, às 19h15. O programa vai para o ar em episódios duplos, todas as 2ª às 19h10 e às 22h55. Esta é a segunda série do programa, gravado nos EUA. Em viagem de costa a costa dos Estados Unidos, o chef explora as comidas de rua locais e adapta-as à realidade de um cozinheiro do dia-a-dia.