Para Martin Gruschka, a grande vantagem da sua proposta face a outros candidatos é precisamente o facto da Springwater Capital "não ter qualquer agenda" oculta nem pretender "integrar a CP Carga noutra empresa qualquer ou fundi-la com outras atividades". Pelo contrário, assegura que a intenção é clara e passa por afirmar a CP Carga enquanto empresa individual com um "elevado potencial de crescimento internacional"..A aposta passa pelo chamado Corredor Atlântico, que irá ligar os principais portos nacionais a Espanha e a França e, mais tarde, à Alemanha. "Esta é uma área em que o Governo português e a União Europeia estão a investir muito e é um bom ponto de partida para a CP Carga se mover para Espanha e para o transporte ferroviário de carga a nível internacional", diz Martin Gruschka, que invoca a aposta crescente na ferrovia em detrimento da rodovia, até por questões ecológicas, para explicar o interesse na CP Carga. Já o administrador Stefan Lindemann lembra os 26 mil milhões de fundos que a UE tem disponíveis para apoiar o desenvolvimento da rede transeuropeia de transportes..Além disso, destaca a vontade de transformar a CP Carga num operador logístico. "Precisamos de fazer a ligação do chamado last mile, ou seja, adicionar um novo negócio em que a carga é transportada diretamente até ao destinatário final", diz, sublinhando que esta é outra das formas previstas de "fazer crescer a empresa"..A Springwater Capital não tenciona fazer qualquer reestruturação na CP Carga e muito menos cortar postos de trabalho. "Apoiamos totalmente a estratégia da equipa de gestão da CP Carga. A base existe e é boa, queremos é fazê-la crescer e acreditamos que até possam ser necessários mais trabalhadores", sublinha o fundador da sociedade de capital de risco, que lembra a compra da Espírito Santo Viagens. "Apoiamos a gestão, não reduzimos emprego e estamos a expandir o negócio e a apostar na compra de outras empresas", diz..Sobre os investimentos previstos, caso tenham a proposta vencedora para a CP Carga, os responsáveis da Springwater não entram em pormenores, invocando os acordos de confidencialidade assinados. Mas Stefan Lindemann assegura que o fundo de capital de risco "está disponível para injetar novos capitais, de modo a ajudar a empresa a atingir os seus objetivos, apostando na otimização da companhia, na melhoria da sua operação logística, na formação da gestão, na melhoria dos aspeto comercial e, também, no acesso a novos clientes no exterior". O mais importante, diz, é que se entenda que Portugal "é uma prioridade" para a Springwater Capital, já que é uma região "plena de oportunidades e que oferece valor real"..Stefan Lindemann recorda, por outro lado, o percurso internacional dos seus investidores, mas sublinhar que a Springwater "oferece uma rede industrial pan-europeia que permite alavancar o crescimento do negócio da CP Carga"..Questionado sobre áreas de investimento em estudo, Martin Gruschka garante que a Springwater tem uma "abordagem muito oportunística" dos mercados. "Não serve de nada pensar em setores se não houver empresas disponíveis. Vamos vendo que oportunidades se apresentam". Turismo, engenharia, construção e energias renováveis são áreas de interesse potencial, "mas tudo depende da empresa em si".E nega que o fundo compre, apenas, empresas em dificuldades. "Não, não. Podemos investir em situações especiais, em que a empresa não está em boas condições de saúde financeira, mas também pode ser simplesmente porque o acionista quer sair. As razões podem ser múltiplas", frisa..Além da Sprinwater, concorreram à privatização da CP Carga a Atena Equity Partners, a Cofihold e a MSC.