Há hospitais na Região de Lisboa e Vale do Tejo (nomeadamente Amadora-Sintra, Garcia de Orta, Beatriz Ângelo, Vila Franca de Xira, Barreiro, Setúbal, Santarém, Caldas da Rainha) que têm vindo a fechar as Urgências de Obstetrícia ou de Pediatria, alguns as duas, por falta de recursos humanos. A Direção Executiva (DE) está a acompanhar esta situações? Por que continuam a acontecer?Estes são, efetivamente, alguns dos hospitais com dificuldades em elaborar uma escala que permita o funcionamento ininterrupto do Serviço de Urgência, ora na área de Pediatria ora na área da Obstetrícia. A falta de recursos humanos é, sem dúvida, a principal condicionante, porque um especialista hospitalar com contrato individual de trabalho tem a obrigação de realizar semanalmente até 18 horas da sua atividade no Serviço de Urgência, mas na construção de uma escala existem muitas outras condicionantes que limitam as opções, principalmente para as noites. Matematicamente, para uma escala para sete dias de dois especialistas seriam necessários cerca de 19 médicos especialistas com 18 horas no Serviço de Urgência (SU) e cerca de 28 se fizerem 12 horas de SU. Com as horas extraordinárias que cada médico pode fazer e com a contratação de prestadores de serviço, esse número pode ser reduzido, dependendo do modelo de rotação. Mas o número de médicos especialistas das entidades acima referenciadas em condições para serem escalados para o Serviço de Urgência, quer no turno diurno ou noturno, varia entre 8 e 11. Esta falta de recursos nas urgências também tem a ver com o facto de muitos dos médicos da Região LVT não funcionarem em tempo completo, mas só a 20 ou a 36 horas, por exemplo?A questão não reside no número, em si, mas no facto de não termos esse número de especialistas. O horário parcial de 20 horas ou o horário de 36 horas, não constitui per si um problema para as escalas, desde que se cumpram 12 ou 18 horas semanais na Urgência.E os hospitais estão a cumprir as regras definidas pelo ministério, que permite aos Serviços de Urgência funcionarem com menos elementos nas equipas? Ou já há quem não entenda assim, e isso esteja a contribuir para o encerramento de serviços?As regras definidas, com o acordo da Comissão Nacional para a Mulher e Criança, permitiram a definição de equipas-tipo para Serviços de Urgência Obstétrica de apoio perinatal e de apoio perinatal diferenciado e os vários níveis de contingência. Algumas dúvidas na interpretação dos critérios estão a ser clarificadas para permitir uma atuação mais uniforme e consentânea com as boas-práticas.Mas o que está previsto pela DE para travar estes encerramentos? A criação de uma Urgência Metropolitana na Região de Lisboa e Vale do Tejo é uma possibilidade?A DE-SNS está a trabalhar numa solução multidimensional para o problema do encerramento temporário de algumas urgências, que passará pela criação de condições para a atração de mais médicos especialistas para as ULS em causa; pela inovação no modelo de organização dos Serviços de Obstetrícia; e pela reorganização da Urgência Obstétrica no sentido de rede com eixos de diferenciação e pontos de complementaridade.Pode concretizar melhor? Nesta fase ainda estamos a trabalhar nas soluções, mas posteriormente, daremos mais pormenores..Só metade dos médicos obstetras e pediatras inscritos na Ordem trabalham no SNS.Sindicato de Médicos da Zona Sul pede explicações ao Garcia de Orta pela saída de obstetras