Circula na internet uma petição intitulada Vacina VSR para crianças nascidas em 2024. A petição conta com quase seis mil assinaturas, à data de fecho desta edição, e demonstra a preocupação dos pais dos bebés nascidos este ano mas que não serão inoculados contra o vírus sincicial. “Em 2023, a União Europeia aprovou a primeira vacina contra o VSR adequada para proteger os bebés até aos seis meses de idade. Porque razão é que o governo decide vacinar apenas crianças nascidas a partir de 1 de agosto? As crianças que vão passar o seu primeiro inverno devem ser vacinadas, sobretudo se vão frequentar creches, local ideal para a propagação de vírus”, pode ler-se na petição online..A vacinação gratuita contra o vírus sincicial respiratório vai começar no dia 1 de outubro e abrange todos os bebés nascidos a partir dessa data e até 31 de março de 2025. Ao mesmo tempo, serão vacinados os bebés nascidos entre 1 de agosto e 30 de setembro deste ano..O DN contactou a Direção Geral de Saúde (DGS) que explica como foi elaborado este plano vacinal. “A introdução da imunização contra o VSR em idade pediátrica teve em consideração, entre outros fatores, a epidemiologia da infeção em Portugal, o risco acrescido de desenvolvimento de doença grave e hospitalização, a segurança do medicamento e a disponibilidade orçamental para 2024”, adianta esta entidade, que será responsável, em articulação com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), pela vigilância epidemiológica do vírus sincicial respiratório, bem como a monitorização e avaliação do impacto desta campanha de imunização..O esquema português é semelhante, segundo a DGS, ao de outros países. “Tal como Portugal, outros países europeus começaram por realizar um esquema de imunização das crianças que nascem durante a época com repescagem de dois meses”. Justifica-se, assim, que sejam vacinadas as crianças nascidas entre o primeiro dia de agosto e o último de setembro, que terão aproximadamente dois meses quando começar a campanha de vacinação, em outubro..É também nesta altura do ano que o vírus costuma entrar em circulação, com maior incidência. “Em Portugal, o início do aumento da circulação do VSR tem coincidido com a segunda metade do mês de outubro ou início de novembro. Os internamentos associados aos casos de doença grave ocorrem, na sua maioria, até aos três meses de idade”, acrescenta a DGS..A vacinação que arranca no próximo dia 1 de outubro deverá proteger cerca de 62 mil crianças de doença grave e hospitalização e constitui um investimento de 13,6 milhões de euros. “A primeira época de imunização contra o VSR das crianças em idade pediátrica visa abranger as crianças com maior risco de desenvolver doença grave, de acordo com a época habitual sazonal do vírus”, destaca, ao DN, a DGS. E especifica: “Incluem-se, assim, os recém-nascidos e os lactentes com menos de três meses de idade, as crianças nascidas prematuramente e/ou com doenças crónicas com maior risco associado”..Ainda assim, este plano poderá vir a ser reequacionado. “Ressalva-se que no final da época irá ser realizada uma avaliação da efetividade da medida, que mostrará a necessidade, ou não, de readequação da mesma para a época 2025/2026”..Ao mesmo tempo, a DGS explica em que consiste, de facto, esta virose. “O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma causa muito comum de infeção em idade pediátrica e responsável por epidemias anuais sazonais que, nos climas temperados, ocorrem no outono/inverno, geralmente entre outubro e março”. A DGS frisa: “Estas infeções coincidem com outras provocadas por vírus respiratórios e gastrointestinais.”.Não há, segundo a DGS, motivo para alarme. “A doença é habitualmente ligeira e autolimitada nas crianças mais velhas saudáveis”. É nos mais pequenos que se concentra a preocupação. “As crianças nos primeiros meses de idade, os prematuros e crianças com algumas doenças crónicas têm risco acrescido de desenvolver doença grave”.