Uma peregrinação de quatro dias e 150 quilómetros... a cavalo

Romaria entre a Moita e Viana do Alentejo partiu hoje de manhã e termina no domingo com missa campal no Santuário de Nossa Senhora d"Aires.
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"Quem cavalga por gosto não cansa. Faça chuva ou faça sol". Miguel Fadista transmitia assim o estado de espírito dos mais de 300 cavaleiros que esta manhã partiram da Moita em direção a Viana do Alentejo, traduzindo uma singular cavalgada pelos trilhos campestres da Canada Real (antiga estrada dos espanhóis) ao longo de cerca de 150 quilómetros. É a 16ª edição da Romaria a Cavalo.
Quem espreitar o desfile pela paisagem pode ser tentado a comparar e a aventura a uma espécie de western, com direito a dormir e comer no campo entre charretes e cavalos. Mas a romaria é "muito mais do que isso", explicava Carlos Ramos, que participa pela terceira vez, sempre com um cavalo diferente, aludindo à tradição e à fé que move os romeiros.
À frente segue o carro-andor, que tem a responsabilidade de transportar a padroeira "Senhora da Boa Viagem", que faz o percurso de costas para olhar de frente para os "seus" romeiros.
Esta manhã a população da Moita voltou a sair à rua para se despedir dos cavaleiros e assistir ao desfile equestre com cavalos, charretes e carroças para todos os gostos. Os meus filhos vêm ali. São aqueles dois cavalos pretos, está a ver? Que pena, não trouxeram o traje vestido", lamentava de câmara fotográfica em riste Miquelina Simões, recebendo a garantia da filha de que na chegada a Viana do Alentejo, agendada para sábado á tarde, seria diferente. "Vestimos só na última etapa para estar bonito (risos)", garantia a jovem do alto do imponente cavalo, convencendo a mãe a deslocar-se ao Alentejo para assistir. "É uma boa oportunidade para ir a Viana, já que nunca fui", admitia ao DN.
E talvez até fique para domingo assistir à missa campal, em pleno Santuário de Nossa Senhora d"Aires, entre as terras agrícolas da região, sendo local de culto desde 1748, construído após uma epidemia que grassou na região. A tradição secular diz que os agricultores se deslocavam ali anualmente acompanhados pelos seus animais para benzerem o gado durante a procissão em Honra de Nossa Senhora d" Aires, a padroeira dos animais, aproveitando para pedirem boas colheitas.
O ritual seria interrompido há 70 anos, perante a queda da atividade agrícola que conduziu ao abandono da terra, mas seria retomado em 2001.


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