Três em cada quatro concordam com venda da TAP, mas com condições
A maioria (30%) só aceita privatização se valor pago for superior ao dos apoios do Estado. Mais de metade diz que António Costa devia ter demitido Fernando Medina.
Perto de três em cada quatro portugueses (74%) concordam com a reprivatização da TAP, contra apenas 16% que a rejeitam em qualquer cenário. No entanto, a maioria dos que admitem a venda fá-lo mediante condições: 30% dos inquiridos numa sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF só aceitam privatizar se o Estado receber mais do que os 3,2 mil milhões de euros que injetou na TAP, com 27% a exigirem que o Estado fique como acionista. Só 17% concordam com a venda incondicional.
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Embora quase dois terços (66%) concordem com a decisão do Governo de demitir a administração da TAP, a perceção quanto à responsabilidade política é outra: para a maioria (55%), o ministro das Finanças, Fernando Medina, deveria ter sido demitido na sequência da indemnização paga à ex-administradora Alexandra Reis. Só pouco mais de um quarto (27%) apoiam a continuidade do governante.

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Norte prefere vender
Na análise por regiões, é no Norte (excluindo a Área Metropolitana do Porto - AMP) que a privatização da TAP tem mais defensores: 81% admitem-na, com ou sem condicionantes. Na AMP esse valor cai para 75% e, no Centro, Área Metropolitana de Lisboa (AML) e Sul e Ilhas, ronda os 73%. A sondagem foi feita antes de ser anunciado que, em 2022, a TAP regressou aos lucros.
É também no Norte que se verifica uma maior percentagem de inquiridos que só aceita privatizar se o Estado embolsar mais do que pagou em apoios à TAP ou se continuar como acionista (33% de respostas em ambos os casos). A região Centro é a que regista os níveis mais baixos (28% nos dois casos).
Quanto à defesa da privatização incondicional, é no Norte e na AMP que ela colhe mais preferências (19% nas duas regiões). A solução oposta, da manutenção da TAP na esfera pública, tem mais adeptos na AML (18%) e menos no Norte (10%).
No que toca às respostas por idades, é na faixa mais nova (18 a 34 anos) que mais se admite privatizar (79%) e na mais idosa (maiores de 65) onde essa ideia menos vinga (68%). O número de inquiridos que defendem que o Estado mantenha a empresa vai subindo consoante a idade, variando entre 10% (18-34 anos) e 21% (mais de 65).
A análise por sexos demonstra que, regra geral, as mulheres são menos entusiastas da reprivatização da TAP do que os homens. Ao todo, 68% das inquiridas admitem a venda, contra os 80% do sexo oposto.
Ministro devia ter saído
Segundo a sondagem, o país apoia a decisão do Governo de demitir a administração da TAP, registando-se apenas 14% de respostas discordantes. Os inquiridos da região Centro são os que mais concordam (69%), seguidos dos do Norte e AML (ambos 66%). Os da AMP ficam-se pelos 62%.
Quanto à análise por preferência partidária (entre as seis maiores forças), os inquiridos que mais apoiam a demissão são os que, em 2022, votaram CDU (77%). Os que mais discordam são os eleitores da IL (25%). Quanto aos dois maiores partidos, 70% dos que votaram PS e 65% dos que optaram pelo PSD concordam com a decisão. 11% dos socialistas e 20% dos sociais-democratas discordam.
No que respeita à decisão de manter Medina no Governo, a AML é a única região onde as respostas favoráveis são superiores à média: no país, só 27% concordam, com o número a subir até aos 32% na AML. Na AMP, o valor ficou praticamente na média (26%).
Foi no Norte que a continuidade do ministro teve pior acolhimento (59% de desagrado). O Sul e Ilhas ficou no polo oposto (52%), com a AMP de novo a rondar a média nacional (54%).
Na divisão por idades, os maiores de 65 são, de longe, os que mais apoiam a permanência de Medina (45%), com todos os outros segmentos a variarem entre 19% e 22%. Os idosos são o único grupo em que há mais respostas a apoiar a decisão de Costa do que a criticá-la (45% contra 43%, com 12% de indecisos). Na análise por partidos, os votantes do PS são os mais satisfeitos por Medina ficar (mesmo assim, só 46%), seguidos pelos da CDU (37%); os eleitores do PSD estão no polo oposto (11%), com os de Chega, IL e BE por perto (todos com 14%). Os mais contundentes a defender a saída do ministro são os apoiantes de IL (83%) e PSD (75%); só entre os eleitores do PS (36%) e os abstencionistas (48%) a quantidade de críticos da decisão está abaixo de 50%.
Outros dados
IL contra CDU e BE - Os eleitores da IL são os que mais defendem a privatização (95%), com os da CDU a ocuparem o lugar dos que menos a admitem (só 57%, ainda assim a maioria). É também entre os liberais que se conta o maior número de apoiantes da privatização incondicional (42%), com o BE no extremo oposto (7%).
Mais ricos - A análise por classes mostra que os dois segmentos com rendimentos mais altos (A/B e C1) são os que mais admitem a venda da TAP, com percentagens na ordem dos 80%. Na camada mais baixa contam-se os que menos querem privatizar (61%, sendo também aqui que há mais indecisos).
Defesa de Medina - O segmento com o rendimento mais alto (A/B) é o mais insatisfeito com a continuidade de Medina, ao passo que o mais baixo (D) foi o que mais apoiou a decisão de Costa: na camada mais alta, 58% dos inquiridos queriam a saída do ministro das Finanças, contra 46% na mais baixa.
Administração da TAP - A percentagem de inquiridos que discorda da demissão da administração da TAP aumenta conforme a idade: é de apenas 7% no escalão etário mais novo (18-34 anos), passando sucessivamente para 10% (35-49 anos), 19% (50-64) e, por fim, 20% (maiores de 65).
FICHA TÉCNICA
A sondagem foi realizada pela Aximage para o DN, JN e TSF, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a TAP.
O trabalho de campo decorreu entre os dias 13 e 17 de março de 2023 e foram recolhidas 801 entrevistas entre maiores de 18 anos residentes em Portugal.
Foi feita uma amostragem por quotas, obtida através de uma matriz cruzando sexo, idade e região (NUTSII), a partir do universo conhecido, reequilibrada por género, grupo etário e escolaridade. Para uma amostra probabilística com 801 entrevistas, o desvio padrão máximo de uma proporção é 0,017 (ou seja, uma "margem de erro" - a 95% - de 3,46%).
Responsabilidade do estudo: Aximage Comunicação e Imagem, Lda., sob a direção técnica de Ana Carla Basílio.
joao.f.sousa@jn.pt